quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cólera é registrado nos EUA após 1.100 

mortes no Haiti; ONU mata um em

 confronto



O surto de cólera que matou mais de 1.000 pessoas no Haiti ultrapassou a fronteira do país e chegou aos Estados Unidos. Segundo a imprensa local, uma mulher moradora do Condado de Collier, no Estado da Flórida, foi hospitalizada ao retornar de uma viagem ao Haiti com sintomas da doença.

Nesta quarta-feira, ao menos uma pessoa morreu e várias ficaram feridas em novos protestos contra a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) --chefiada pelo Brasil-- na cidade de Cap Haitien, no norte do país caribenho, segundo a imprensa local.

Segundo testemunhas, um tanque da Minustah caiu em uma trincheira cavada por manifestantes na rua. Eles começaram a atirar pedras quando os soldados saíram para empurrar o veículo. As forças de paz teriam começado a atirar, matando um homem e ferindo outros manifestantes, segundo testemunhas.

Parte da população acredita que soldados nepaleses que integram as tropas de paz foram os responsáveis pela entrada do vibrião de cólera no país.

EUA

Nos EUA, a paciente, cujo nome não foi revelado, está em boas condições, assinalou Thomas Torok, médico do Departamento de Epidemiologia da Flórida. Ela apresentava sintomas da doença desde a semana passada após ter viajado para a região de Artibonite, onde começou a epidemia de cólera no Haiti.

O Departamento de Epidemiologia da Flórida advertiu para a possibilidade de que sejam detectados mais casos de cólera no Estado, onde vivem cerca de 241 mil pessoas de origem haitiana, 46% do total da população radicada nos EUA.

Como resultado da forte presença da comunidade haitiana no sul da Flórida, "pode-se esperar que alguns viajantes que retornem do Haiti desenvolvam os sintomas do cólera no caminho ou pouco após chegarem ao estado", afirmaram fontes do departamento.

Além disso, existe a possibilidade de que as pessoas "que estiveram perto ou em contato com as que retornaram do Haiti" desenvolvam os sintomas da doença, embora o cólera não se propague facilmente em países desenvolvidos como os Estados Unidos, acrescentou o Departamento de Epidemiologia.

ALERTA

Nesta terça-feira, a República Dominicana também emitiu alerta depois de diagnosticar um haitiano de 32 anos com cólera. Ele foi hospitalizado em Higuey, 140 km ao leste de Santo Domingo, segundo o Ministério de Saúde dominicano.

O presidente dominicano, Leonel Fernández, se reuniu nesta quarta-feira com seu gabinete e concordou em reforçar as medidas de controle na fronteira com o Haiti. Ambos os países compartilham a ilha La Española, em uma fronteira de 376 km.


No Haiti, um novo balanço do Ministério de Saúde elevou para 1.110 os mortos, 76 a mais do que o balanço da véspera. O número de internados com sintomas aumentou em 1.583, chegando a 18.382 desde o começo da epidemia, em meados de outubro.

Os números, segundo a Organização Pan-americana de Saúde, ainda estão subestimados. O órgão afirma que até 20 mil podem ser infectados e até 10 mil podem morrer nos próximos seis a 12 meses.

O cólera, particularmente fatal em crianças e idosos, se desenvolve rapidamente depois das bactérias chegarem ao intestino. Os sintomas incluem forte diarreia e desidratação e, sem tratamento, pode matar em poucas horas.

PROTESTOS

O rumor de que o vibrião de cólera entrou no Haiti por meio de soldados nepaleses da Missão da ONU causou violentos confrontos que ainda tomam as ruas do norte do país, e levou o presidente René Preval a pedir calma à população.

"Propiciar a desordem e a instabilidade jamais foi a solução para um país que vive momentos difíceis", declarou o presidente em uma mensagem à nação ainda na noite de terça-feira (16).

Preval denunciou "grupos" que tentam se aproveitar da epidemia de cólera e dos desastres naturais para provocar distúrbios e gerar divisões entre as autoridades nacionais e a sofrida população, e entre os locais e os integrantes da Minustah.

Na noite de segunda-feira soldados nepaleses foram apedrejados durante uma manifestação em Hinche, região central do Haiti. Um boato afirma que a epidemia de cólera foi provocada pelas fossas sépticas de um acampamento situado perto de Mirebalais, também no centro do país, onde estão baseados vários soldados enviados pelo Nepal.

Os exames nos soldados nepaleses provaram que os oficiais não têm relação com a epidemia, segundo Ramindra Chhettri, porta-voz do Exército do país.

O corpo de um jovem de 20 anos foi encontrado diante de uma base da Minustah em Quartier-Morin, uma cidade de Cap Haitien, norte do país. Outro jovem morreu ao ser atingido por tiros em uma rua de Cap Haitien.

A porta-voz da ONU em Genebra, Corinne Momal-Vanian, disse que os protestos desta segunda-feira contra a presença da Minustah no Haiti foram "politicamente motivados" pelo período pré-eleitoral.

Além disso, referiu-se a um comunicado emitido pela ONU em Porto Príncipe, que destaca que "foram feitos vários experimentos" para verificar a responsabilidade dos agentes da Minustah e todos deram negativo.

A porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), Elizabeth Byrs, fez uma chamada urgente aos Estados-membros da ONU para que cumpram suas promessas em matéria de financiamento para dar assistência à crise humanitária no país.





FONTE: FOLHA ONLINE - DE SÃO PAULO / DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS 

Notícia divulgada em 17.11.2010

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