sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

 Julgamento


Havia numa aldeia um velho muito pobre, mas até reis o invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco. Reis ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia:

-Este cavalo não é um cavalo para mim, é uma pessoa. E como se pode vender uma pessoa, um amigo?

O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo.

Numa determinada manhã, descobriu que o cavalo não estava na cocheira. A aldeia inteira se reuniu e o povo disse:

-Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça!

-Não cheguem a tanto, retrucou o velho. Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o fato, o resto é julgamento.

Se se trata de uma desgraça ou de uma benção, não sei, porque este é apenas um julgamento. Quem pode saber o que vai acontecer?

As pessoas riram do velho. Mas, quinze dias depois, de repente, numa noite, o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso, ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.

Novamente, as pessoas se reuniram e disseram:

- Velho, você estava certo. Não se tratava de uma desgraça, na verdade se tornou uma benção.

-Vocês estão se adiantando mais uma vez, disse o velho. Apenas digam que o cavalo está de volta. Quem sabe se é uma benção ou não? Este é apenas um fragmento. Se você lê apenas uma única palavra de uma sentença, como pode julgar todo o livro?

Desta vez, as pessoas não podiam dizer muito, mas interiormente acreditavam que ele estava errado. Doze lindos cavalos tinham vindo... O velho tinha um único filho, que começou a treinar os cavalos selvagens. Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas.

As pessoas se reuniram e, mais uma vez, julgaram. Elas disseram:

-Você tinha razão, novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas e na sua velhice ele seria seu único amparo. Agora você está mais pobre do que nunca.

-Vocês estão obcecados por julgamento, ponderou o velho. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma benção. A vida vem emfragmentos, mais que isso nunca é dado.

Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou em guerra e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar. Somente o filho do velho foi deixado para trás, pois recuperava-se das fraturas.

A cidade inteira estava chorando, lamentando-se, porque aquela era uma luta perdida e sabiam que a maior parte dos jovens jamais voltaria. Elas vieram até o velho e disseram:

-Você tinha razão, velho - aquilo se revelou uma benção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Nossos filhos foram-se para sempre.

-Vocês continuam julgando, retrucou o velho. Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que meu filho não foi. Ninguém sabe se isso é uma benção ou uma desgraça.

Quem julga fica obcecado com fragmentos, pula para as conclusões a partir de coisas pequenas, deixa de crescer.

Julgamento significa um estado mental estagnado.


Observe sua vida fluindo!

Atenha-se somente aos fatos.

Evite os julgamentos.



FONTE: PLANETA MAIS

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

"Uma Defesa de Deus"



Hélio Schwartsman, 44 anos, é articulista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve para a Folha.com.



Na coluna de hoje farei comentários elogiosos a um livro a favor de Deus. É o meu presente de Natal para o eventual leitor cristão. Falo do excelente "The Case for God - What Religion Really Means" (uma defesa de Deus --o que a religião realmente significa), de Karen Armstrong, a ex-freira convertida em estudiosa das religiões.

Com a erudição que lhe é peculiar, Armstrong traça um panorama das mais variadas manifestações de religiosidade desde o Paleolítico até nossos dias e identifica o ateísmo como um fenômeno relativamente recente, que só se tornou possível porque, com o advento da ciência e outras coisinhas mais, o significado de termos como "crença" e "fé" mudou radicalmente.

O ponto central da argumentação da autora é que a esmagadora maioria das culturas pré-modernas sempre operou com duas modalidades de pensamento, às quais os gregos chamavam de "mythos" e "lógos". Ambas eram consideradas essenciais e complementares. O "lógos", que podemos traduzir como "razão", era o modo pragmático. Servia para cuidar dos afazeres cotidianos, construir ferramentas, controlar o ambiente, em suma, para garantir o pão nosso de cada dia. Mas, ele não dava conta de tudo. O "lógos" era incapaz, por exemplo, de nos consolar diante da perda de um ente querido ou mesmo de indicar um sentido último para a vida. Nessas horas de transcendência entravam os "mythoi" (mitos), com suas histórias fantásticas sobre heróis e deuses, dores e esperanças. Eles funcionavam, diz Armstrong, como uma forma primitiva de psicologia. Com sua linguagem cifrada e nem sempre coerente, tocavam aspectos da psique humana que não estavam acessíveis ao "lógos".

Uma característica importante do "mythos" é que ele não serve a seus propósitos se for apenas comunicado como uma informação ordinária. Para cumprir seu papel a contento, esse modo de pensamento exige que o "paciente" se envolva em atividades práticas, que variam bastante conforme as características de cada religião e cultura. É só com o apoio dos rituais, dos cânticos, das danças ou mesmo de meditação e exercícios, como na ioga, que o "mythos" pode atingir sua plenitude.

Detalhe fundamental: os "mythoi" não eram concebidos para ser interpretados ao pé da letra. Funcionavam num registro alegórico. Até o mais pio hebreu da Palestina pré-cristã se espantaria se alguém lhe contasse que, no futuro, os religiosos tomariam as histórias do Gênesis como um relato objetivo da criação. "Lógos" e "mythos" se completavam, mas não se confundiam.

Essa situação perdurou mais ou menos inalterada até o início da idade moderna, quando o "lógos" começa a passar a perna no "mythos". Surpreendentemente, quem verdadeiramente abriu caminho para o ateísmo foram os cientistas mais religiosos e os teólogos mais versados em ciência, como Isaac Newton (1643-1727) e William Paley (1743-1805), que se apressaram em introduzir Deus no reino do "lógos". Ao desenvolver uma espécie de teologia natural, ou seja, ao interpretar cada nova descoberta científica como uma confirmação da suprema inteligência do Criador, eles contribuíram fatalmente para a desvalorização do "mythos" e acabaram preparando a armadilha pela qual a existência de Deus se abriria ao escrutínio da ciência. Nesse jogo, era só uma questão de tempo até que o "corpus" de conhecimentos científicos se tornasse volumoso o bastante para prescindir de um Deus. "Eu não preciso dessa hipótese", afirmaria orgulhosamente o astrônomo e matemático Pierre-Simon marquês de Laplace diante de Napoleão.

O registro aqui é menos o do ateísmo e mais o do deísmo, no qual Deus vai se tornando uma entidade cada vez mais abstrata até confundir-se com a natureza e tornar-se "desnecessário". De acordo com Armstrong, judeus marranos nos haviam dado um "trailer" deste filme já no século 17. Eles foram os primeiros ateus de verdade (até então, o termo "ateu" era usado como um xingamento genérico para todo aquele que professasse posições religiosas diferentes das do "statu quo"). Impedidos de praticar sua religião abertamente, foram caminhando para um Deus tão racionalizado que perdeu todo e qualquer sentido "mitológico". Em pouco tempo, filósofos como Uriel da Costa (1585-1640) e Baruch de Espinoza (1632-1677) seriam excomungados da comunidade judaica de Amsterdã como ateus. (Fujo aqui da polêmica filosófica sobre quão ateu Espinoza realmente era).

Essa tradição antirreligiosa de matriz iluminista continua e se consolida com pensadores como Feuerbach, Marx, Nietzsche e Freud. Falta ainda mostrar a passagem desse ateísmo digamos clássico até o que Armstrong chama de neoateísmo contemporâneo, capitaneado por gente como Richard Dawkins, Christopher Hitchens e Sam Harris. Para a autora, o novo discurso é uma reação aos fundamentalismos religiosos dos séculos 19 e 20. Especialmente nos EUA, a população comum reagiu ao Deus cada vez mais racionalizado das elites (os "founding fathers", vale lembrá-lo, eram quase todos deístas) produzindo uma improvável síntese entre os aspectos mais conservadores da religião e a busca por eficiência típica do capitalismo. Surgiam assim as igrejas evangélicas que abusavam de cantorias, exorcismos, curas e combatiam a escravidão, o alcoolismo e defendiam o sufrágio para mulheres, a erradicação do analfabetismo.

No plano intelectual, abraçavam a teologia natural de Paley e logo se indispuseram com o darwinismo. Antes, porém, se debateram contra a nova crítica alemã, que propunha ler a Bíblia como se lia Homero e outros clássicos. Foi uma linha de pesquisas bastante produtiva, que nos ensinou bastante sobre os diferentes autores do Livro e seus objetivos teológicos. Mas os evangélicos norte-americanos nunca aceitaram bem essa dessacralização das Escrituras e a ela contrapuseram uma leitura literal dos textos. Estava criado o fundamentalismo cristão, ao qual veio somar-se, no final do século 20, seu congênere muçulmano. Veio então o 11 de Setembro, e Dawkins, Hitchens e Harris já podiam invectivar livremente contra esse Deus.

O que Armstrong defende em "The Case for God" é que se redescubram os aspectos esquecidos da religião como "mythos", que os termos "crer" e "ter fé" deixem de ser tomados como valores ultraobjetivos e voltem a fazer referência aos exercícios religiosos. O que ela repreende aos neoateus é o tom excessivamente virulento das críticas, que apenas reforça as convicções fundamentalistas de seus adversários. Para ela, o diálogo entre religiosos e ateus pode ser proveitoso para ambos os lados, como já foi no passado.

De minha parte, gostei do livro porque ele mostra com precisão --e de forma bem documentada-- as diferentes fases do diálogo entre ciência e religião, entre "lógos" e "mythos". Também gostaria de ver um debate mais cordato entre ateus e religiosos. Minha caixa de mensagens em especial o apreciaria.
A autora, contudo, passa ao largo de um ponto fundamental. Por maiores que tenham sido as reviravoltas na hermenêutica religiosa e por mais importante que seja o registro do "mythos", no reino do "lógos" é uma questão perfeitamente válida e até necessária a de tentar responder se existe ou não um Deus pessoal que atende às preces dos humanos. O fato de não sermos capazes de produzir uma resposta definitiva não torna a pergunta menos legítima. E a própria Armstrong chega muito perto de afirmar que um Deus com essas características não existe.

Assim, parece-me que "The Case for God" é menos uma defesa de Deus e mais uma defesa da religião. E, mesmo assim, o que a autora salva da religião é, receio, bem menos do que os fiéis exigem. Ao enfatizar tanto peso ao caráter prático do culto, ela transforma a fé num tipo de ioga ou meditação transcendental. Não tenho nada a opor, mas acredito que os entusiastas da religião não se contentarão só com isso. Eles querem que seja tudo Verdade.

PS - Dou ao leitor um descanso de duas semanas. Retomo a coluna na primeira quinta-feira de janeiro. Bom ano a todos.



FONTE: FOLHA.COM

Dilma anuncia

 indicação de mais 

cinco ministros



A 11 dias do novo governo, a presidente eleita, Dilma Rousseff, anunciou os nomes de Luiz Sérgio (Secretaria de Relações Institucionais), Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), Leônidas Cristiano (Portos) em sua equipe. 

A petista também confirmou a permanência de Jorge Hage na CGU (Controladoria-Geral da União)

Já o general José Elito Carvalho Siqueira irá substituir Jorge Armando Felix no Gabinete da Segurança Institucional.


Com as novas indicações, Dilma apresentou 35 ministros restando o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Secretaria Especial de Políticas para Mulheres. As pastas devem ser entregues ao PT.

Dilma convidou o deputado Luiz Sérgio na tarde de hoje para atender ao PT fluminense. O deputado é ligado ao ex- ministro José Dirceu (Casa Civil).

Em uma reunião de mais de duas horas, a petista também definiu o espaço do PSB acolhendo as indicações de Bezerra Coelho e Leônidas Cristino. Dilma surpreendeu o partido, no entanto, desistindo de integrar a Portos a pasta de Aeroportos, como era inicialmente esperado. O controle da aviação civil ficará com o Ministério da Defesa.

"A presidenta eleita orientou os novos auxiliares a trabalhar de forma integrada com os demais ministérios para dar cumprimento a seu programa de desenvolvimento com distribuição de renda, de forma a promover os avanços que vão assegurar a melhoria de vida de todos os brasileiros", diz nota sobre os novos anuncia.



Ministros já confirmados




PT

Guido Mantega (Fazenda)
Alozio Mercadante (Ciência e Tecnologia)
Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral)
José Eduardo Cardozo (Justiça)
Antonio Palocci (Casa Civil)
Paulo Bernardo (Comunicações)
Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio)
Miriam Belchior (Planejamento)
Ideli Salvatti (Pesca)
Maria do Rosário (Direitos Humanos)
Fernando Haddad (Educação)
Alexandre Padilha (Saúde)
Luiza Bairros (Igualdade Racial)
Tereza Campelo (Desenvolvimento Social)
Luiz Sérgio (Secretaria de Relações Institucionais)


PMDB

Wagner Rossi (Agricultura)
Pedro Novais (Turismo)
Garibaldi Alves (Previdência)
Edson Lobão (Minas e Energia)
Moreira Franco (Secretaria de Assuntos Estratégicos)
Nelson Jobim (Defesa) - Cota pessoal


PR

Alfredo Nascimento (Transportes)


PDT

Carlos Lupi (Trabalho)


PP

Mário Negromonte (Cidades)


PC do B

Orlando Silva (Esporte)


PSB

Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional)
Leônidas Cristiano (Portos)


Sem filiação partidária

Alexandre Tombini (Banco Central)
Helena Chagas (Comunicação Social)
Antonio Patriota (Relações Exteriores)
Izabella Teixeira (Meio Ambiente)
Ana de Hollanda (Cultura)
Luís Inácio Lucena Adams (Advocacia-Geral da União)
Jorge Hage (Controladoria-Geral da União)
José Elito Carvalho Siqueira (Gabinete da Segurança Institucional)







FONTE: FOLHA.COM / MÁRCIO FALCÃO / NATUZA NERY - DE BRASÍLIA / ANA FLOR - ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Nova reunião termina sem acordo, e greve nos aeroportos está mantida para esta quinta




Em reunião na tarde desta terça-feira (21) no Ministério Público do Trabalho (MPT), em Brasília, representantes das companhias aéreas e diretores dos sindicatos dos aeronautas e aeroviários não chegaram a um acordo sobre o aumento salarial para a categoria. Com o impasse, a greve convocada pelas categorias para quinta-feira (23), antevéspera do Natal, está mantida, segundo os trabalhadores.

Participaram da reunião os procuradores Otávio Brito Lopes, Ricardo Macedo e Edson Brás; Marcelo Schmidt, diretor do Sindicato Nacional dos Aeroviários; Gelson Fochesato, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas; além de Arturo Spadale e Odilon Junqueira, ambos do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas.
Os aeronautas e aeroviários reivindicam, respectivamente, aumento salarial de 15% e 13%, mas, até antes da reunião de hoje, as empresas ofereciam 6,08%. O indicativo de greve já havia sido decidido pelas duas categorias no início do mês, caso as empresas não aumentassem a proposta. Hoje, as empresas subiram a proposta para 6,5% de aumento, mas o valor foi rejeitado pelos trabalhadores.
Selma Balbino, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, acusou as companhias aéreas de atribuir aos trabalhadores a culpa pelos atrasos de vôos que vêm sendo registrados há dias nos principais aeroportos. “Essa radicalidade deles está pautada para a sociedade achar que o motivo de atrasos e overbooking (venda de passagens em número maior que o número de assentos do avião) é por culpa nossa”.
Odilon Junqueira, do Snea, afirma que as empresas não trabalham com a hipótese de greve. “Temos a convicção de que nossos funcionários não farão uma paralisação na véspera do Natal, seria uma atitude completamente sem sentido. O Snea continua aberto à negociações e achamos que não é bom para ninguém uma greve no Natal.”
A única condição para que a greve não ocorra, segundo os trabalhadores, é as empresas aumentarem a proposta de reajuste. As categorias acusam as companhias e o sindicato patronal de terem sido intransigentes durante as negociações.
As categorias afirmam que, durante a greve, irão manter pelo menos 30% do pessoal trabalhando. Além do reajuste salarial, os trabalhadores reivindicam um aumento de 30% sobre o piso. O percentual oferecido pelas empresas tem como base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O Snea afirmou que nos últimos cinco anos os trabalhadores tiveram aumento real de 6%.

Reprodução da convocatória para greve publicada no site do Sindicato Nacional dos Aeronautas


Plano de contingência


O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou, na semana passada, que o ministério tem um plano de contingência pronto para o caso de os aeroviários entrarem em greve durante as festas de final de ano. O plano seria colocado em prática nos aeroportos das principais capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Recife.

Jobim não acredita que haverá greve nos aeroportos, mas diz ter solicitado à Anac redobrar o plano de contingência. “Determinei à Anac redobrar o plano de contingência e vamos tomar algumas providências que estão sendo analisadas pelo setor jurídico para assegurar que não haja dificuldades. Estamos tomando todas as medidas para evitar incômodo aos nossos passageiros no final do ano. Se for preciso, haverá a intervenção do Poder Judiciário.”


Companhias não acreditam na greve


Antes da reunião de hoje, as companhias aéreas diziam não estar trabalhando com a hipótese de a greve ocorrer de fato e, portanto, não apresentaram medidas para minimizar o impacto de uma possível greve em pleno Natal .
A TAM alegou que “sempre negocia condições que sejam boas para os funcionários e para a companhia”. “Assim, como acontece todo ano, estamos confiantes de que vamos concluir adequadamente esse processo”, afirma a companhia.
Já a GOL diz que as negociações com os sindicatos prosseguem e afirma “não acreditar que o processo [de negociação] deixe o caminho do diálogo e do bom senso”. A Azul informa que não irá se posicionar enquanto não for notificada sobre a greve. A empresa diz que está acompanhando as negociações e, se houver necessidade, poderá implementar medidas especiais.
A presidente do sindicato dos aeroviários diz que recebeu relatos de que as empresas, nas últimas horas, estão coagindo os trabalhadores a não entrarem em greve.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que as empresas precisam informar em tempo hábil os passageiros sobre eventuais cancelamentos decorrentes da greve e reembolsar o valor integral da passagem. Caso não consiga entrar em contato com o usuário, as companhias são obrigadas a garantir alimentação, telefone ou internet, transporte e hospedagem aos clientes prejudicados.

Conheça os principais direitos dos passageiros

Assistência materialA partir de uma hora de atraso, o passageiro tem direito a telefone ou internet disponível. A partir de duas horas de atraso, a companhia deve fornecer alimentação adequada ao tempo de espera (voucher, lanche, bebidas); e a partir de quatro horas de atraso em relação ao horário previsto de voo, os afetados devem receber acomodação em local adequado (espaço interno do aeroporto ou ambiente externo com condições satisfatórias para aguardar pela reacomodação) ou hospedagem (quando necessária), incluindo eventual transporte do aeroporto ao local de acomodação
ReacomodaçãoImediata no caso de cancelamento ou preterição. Nos atrasos,reacomodação no próximo voo da companhia ou de outra empresa na mesma rota. O passageiro que aguarda reacomodação tem prioridade sobre os que ainda não adquiriram passagem
InformaçãoCompanhia deve informar direitos do passageiro e os motivos do atraso, cancelamento ou preterição, inclusive por escrito (o que pode ser usado em pedidos de indenizações, se for o caso)
ReembolsoPara o passageiro que desistir da viagem por cancelamento ou atraso acima de quatro horas, reembolso integral do valor do bilhete, na mesma forma do pagamento (cartão de crédito ou crédito bancário)
IndenizaçãoO passageiro pode pedir reparação no poder Judiciário se entender que o atraso causou dano moral. Por exemplo, se não chegou a tempo a uma reunião de trabalho ou perdeu um casamento

Como reclamar

AnacPara apresentar reclamação sobre irregularidades cometidas pela companhia, os passageiros podem entrar em contato com representantes da Anac pessoalmente nos principais aeroportos, ou 24 horas por dia pelo telefone 0800 725 4445, com atendimento em português, inglês ou espanhol. Na internet, o endereço é www.anac.gov.br/faleanac. A Anac avalia a denúncia e pode multar a companhia infratora
ProconA Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) recebe reclamações a respeito de qualquer falha no serviço. O Procon procura a empresa e busca uma conciliação que garanta o direito do cliente
JudiciárioA avaliação de indenizações em caso de suposto dano moral é feita pelo Poder Judiciário






FONTE: UOL / Guilherme Balza - Do UOL Notícias* - Em São Paulo / *Com informações da Agência Brasil

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Na rua e na internet, deputados se escondem de críticas após aumentarem salários




Dias depois de votarem a proposta que viabilizou aumento salarial de 61,8% para membros dos poderes Executivo e Legislativo, deputados federais ainda lidavam com a insatisfação de eleitores contrários à iniciativa. Na rua, na internet ou nos corredores do Congresso, sobraram olhares de desaprovação e comentários irônicos. A solução usada por muitos deles foi simplesmente evitar os potenciais críticos por uns dias. O aumento passa a valer a partir de 1º de fevereiro de 2011.
Perfis abandonados no Twitter, rotina alterada e distância dos jornalistas. Essa foi a receita usada por grande parte dos 279 deputados que viabilizaram a mudança, na tentativa de evitar ainda mais desgaste público. Alguns deles se dispuseram a conversar com o UOL Notícias, mas demonstraram claro desconforto com o tema. E também com os colegas que não deram a cara pelo aumento, mas se beneficiarão dele.
“Eu saí tarde de Brasília ontem. E hoje eu não fui para porta de fábrica, vim direto para a diplomação na Assembleia Legislativa. Está corrido”, disse o deputado Paulinho da Força (PDT-SP), líder da Força Sindical e defensor do aumento. “Os trabalhadores que eu conheço não me disseram nada sobre esse assunto, nem antes nem depois. Isso é algo que eu só vou notar segunda, terça-feira.”


Outro dos deputados que aceitou conversar, o secretário de Comunicação do PT, André Vargas (PR), disse que recebeu pressão no Twitter e respondeu a seguidores. “Sim, a medida é impopular. A manifestação contrária é pontual, de pessoas que têm nível de informação”, afirmou. “As pessoas iam reclamar de qualquer jeito. Mas estamos corrigindo um erro de lá atrás, de oito anos sem reajuste.”
Para o deputado, colegas dele se omitiram mesmo tendo interesse no aumento. “É fácil colocar os outros para votar, não aparecer para discutir o regime de urgência nem participar da votação simbólica. O fato é que havia uma injustiça: os deputados são o centro do poder Legislativo e estavam ganhando menos que técnicos que os ajudam em comissões, pessoas que podem acumular rendimentos. Corrigimos o erro.”
Na última quarta-feira (15), deputados e senadores aceitaram elevar seus salários a R$ 26,7 mil por mês –o mesmo recebido por ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), que, no entanto, não recebem verba indenizatória e dinheiro para a contratação de funcionários. Na Câmara, graça a uma decisão da mais alta corte do país, os parlamentares ficaram mais expostos às críticas populares.


Simbologia


Nas duas Casas a votação foi simbólica –ninguém precisou declarar voto. Mas uma alteração no rito, pedida por um grupo de deputados ao STF, obrigou a Mesa da Câmara a colocar para o plenário a aprovação do regime de urgência para sacramentar o aumento salarial. Foram 279 votos favoráveis a acelerar a entrada da medida na pauta, 35 contra e três abstenções. Veja aqui a lista de como votaram os deputados.
No Senado, apenas Marina Silva (PV-AC) se manifestou contra no momento da decisão. Alvaro Dias (PSDB-PR) e José Nery (PSOL-PA) o fizeram apenas depois. Mas enquanto os senadores gozavam da discrição, os deputados ficaram expostos. A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), contrária ao aumento, disse ter ouvido nas ruas ameaças a parlamentares e piadas que retratam a descrença na política.
“Foi um abuso que a sociedade só não recebeu pior porque a economia não vai mal. No meu bairro as pessoas fizeram comentários no tom do deboche. Não a mim, porque sabem que sempre votei contra essas coisas, mas dizendo que deputado que aparecer na rua com broche da Câmara corre risco, no mínimo, de agressão verbal. Virou discussão de bar, já não dá para fingirem que não viram no Congresso.”
O candidato derrotado do PV ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira, disse que votou não por achar as condições de trabalho e o salário razoáveis. Ele celebrou os 34 colegas que, junto dele, tentaram derrubar a urgência: achava que não haveria mais de 30 parlamentares contra a medida. “Estamos crescendo”, afirmou. Ele diz que representantes dos policiais também se articularam porque a categoria exigiu melhoria salarial antes e teve a fila cortada pelos deputados e senadores.






FONTE: UOL / Maurício Savarese - Do UOL Notícias - Em São Paulo

Transatlântico que 

frustrou Natal de 

3.000 pessoas ficará 

ancorado no Rio





A Capitania dos Portos informou (20) que o transatlântico MSC Música, que faria um cruzeiro pelas praias nordestinas, com cerca de 3.000 passageiros, ficará atracado no porto do Rio de Janeiro até que o problema que causou o cancelamento da viagem, ontem (19), seja resolvido. Todos os passageiros foram desembarcados.

A empresa MSC Cruzeiro informou que cancelou o cruzeiro devido a uma pane no sistema central de ar-condicionado e garantiu que reembolsará todos os clientes, além de oferecer desconto de 50% em uma próxima viagem pela companhia. Segundo a MSC Cruzeiro, a empresa também disponibilizou transporte para os aeroportos e a rodoviária da cidade.

Ontem, os passageiros contaram que viveram momentos de muita confusão dentro do navio. Os turistas, que pagaram cerca de R$ 2.000 por sete dias de viagem a praias nordestinas, ficaram sem ar-condicionado e água nos banheiros. As bebidas que eram vendidas dentro da embarcação também acabaram e a MSC Cruzeiro só informou sobre o cancelamento do cruzeiro no final do domingo.

"Passamos o dia inteiro no calor. O nosso consumo foi maior e a água acabou, a de beber e a dos banheiros. Ficamos sem suporte nenhum. Até para descer com a mala, eles [os tripulantes] foram desrespeitosos. Chegaram a fazer uma corrente, mas acabaram jogando nossas bagagens. Um absurdo", reclamou uma das passageiras, que mora no Rio e viajaria com o marido.

Para tentar minimizar os danos aos passageiros, a MSC Cruzeiro também informou que arcará com os custos de hospedagem daqueles que não conseguiram retornar para as cidades de origem. A empresa pede para que os gastos com estadia sejam registrados e que os passageiros entrem em contato com os agentes de viagem para facilitar o regresso.










FONTE: UOL / Isabela Vieira - Da Agência Brasil - No Rio de Janeiro