Justiça absolve viúva acusada de
matar milionário no RJ
Após cinco dias de julgamento,
Adriana Ferreira de Almeida, acusada de mandar matar o marido --o lavrador e
ganhador da Mega-Sena Renné Senna--, foi absolvida pela Justiça no início da
madrugada deste sábado. A sentença foi lida pela juíza Roberta dos Santos Braga
Costa, no Tribunal do Júri de Rio Bonito (72 km do Rio).
A Justiça também absolveu os
policiais militares Marco Antônio Vicente e Ronaldo Amaral, o China, por falta
de provas. Eles trabalhavam como seguranças na fazenda de Senna.
Segundo a Justiça, a única prova
registrada nos autos contra Ronaldo Amaral é de que ele teria uma moto parecida
com a usada no crime. Contra Vicente, a acusação é de que ele teria ajudado a
esconder a moto do colega, informação que foi recebida através de denúncia
anônima e que, segundo a promotora, não era comprovável.
A outra ré no processo, Janaína
Silva de Oliveira, amiga de Adriana acusada de intermediar o contato entre a
viúva e Anderson Sousa, também foi absolvida.
Adriana, que chorou ao ouvir a
sentença e não quis dar declarações à imprensa, deixou o Tribunal escoltada
pela polícia.
Com a absolvição, Adriana terá
direito a 50% da herança do milionário, estimada pelo juiz da 1ª Vara Cível de
Rio Bonito, Marcelo Espíndola, em R$ 100 milhões.
A promotora Priscila Naegele
afirmou que pretende recorrer da sentença "o mais rápido possível".
Durante a sustentação, a defesa
repetiu inúmeras vezes que não havia provas contra Adriana. O advogado disse
que apenas a interceptação telefônica não era suficiente para acusar a viúva.
Já a Promotoria estabeleceu uma
cronologia dos fatos para acusar a ré.
Durante a sustentação, a
Promotoria havia pedido a condenação de Adriana por homicídio triplamente
qualificado: por motivo torpe, impossibilidade de defesa e promessa de
recompensa.
Na quinta-feira (1), a viúva foi
interrogada por aproximadamente cinco horas e chegou a dizer que a filha de
Senna tinha interesse na morte do pai.
MORTE
Senna foi morto em 2007, dois
anos após ganhar R$ 51,8 milhões na Mega-Sena. A viúva teria se aliado a uma
amiga e a quatro ex-seguranças do milionário para cometer o crime.
Deficiente físico --Senna teve as
duas pernas amputadas por causa da diabetes--, o ex-lavrador foi morto com
quatro tiros na cabeça em um bar em Rio Bonito. Almeida é apontada como a
mandante do crime.
O ex-PM Anderson Sousa e o
funcionário público Ednei Gonçalves Pereira, acusados de serem os autores dos
disparos, foram condenados, em julho de 2009, a 18 anos de prisão pelo
assassinato de Senna e pelo crime de furto qualificado.
Em junho o juiz Marcelo Chaves
Espíndola, da comarca de Rio Bonito, julgou improcedente o pedido de
reconhecimento de união estável entre Almeida e Senna.
Desde a morte de Renné, a
cabeleireira trava uma batalha judicial com Renata Almeida Senna, única filha
do milionário, pelos bens deixados pelo ex-lavrador. O pedido de reconhecimento
de união estável foi feito pela própria acusada.
Saiba como foi a acusação durante
júri de viúva de milionário no RJ
A sustentação da Promotoria no
julgamento de Adriana Ferreira de Almeida, acusada de matar o marido --o
lavrador e ganhador da Mega-Sena Renné Senna--, terminou por volta das 16h
desta sexta-feira, no Tribunal do Júri de Rio Bonito (72 km do Rio).
A Promotoria argumentou durante
duas horas e meia. Em seguida, houve um intervalo e começou a sustentação da
defesa de Adriana.
Na quinta-feira (1), a viúva foi
interrogada por aproximadamente cinco horas e disse que a filha de Senna tinha
interesse na morte do pai.
CRONOLOGIA
Segundo a sustentação da
Promotoria, Adriana e Renné se conheceram no Réveillon de 2006 e logo começam a
morar juntos.
Em maio do mesmo ano, os dois
compram uma fazenda por R$ 9 milhões em Rio Bonito. Adriana vira dona de 50% da
propriedade, mas assina um termo de confissão de dívida R$ 4,5 milhões --ela
argumenta que assinou o documento para justificar que não tinha o dinheiro.
Em junho, Anderson Sousa passa a
ser o chefe da segurança da propriedade. Ele e Ednei Gonçalves Pereira são
demitidos em agosto, quando Renné descobre que eles não são policiais
militares, como tinham dito. Cinco dias depois, o PM Davi, que assumiu o posto
de Anderson, é assassinado.
Em outubro, Renné faz um novo
testamento, em que deixa metade dos seus bens para a filha Renata e a outra
metade para Adriana, em caso de morte. No documento anterior, 50% eram para a
filha e 50% para o resto da família.
Ainda em outubro, Adriana começa
a ter um caso com Robson. À época ela flagra uma conversa entre Renata e Renné,
em que a filha propõe interditar o pai, porque Adriana estaria gastando demais.
"Eu conheço a mulher que eu tenho", teria dito Renné, ao afirmar que
a tiraria do testamento.
Após ouvir a conversa, a
Promotoria diz que Adriana faz várias ligações para Anderson entre novembro de
2006 e janeiro de 2007.
Em dezembro de 2006, Adriana
compra um apartamento em Arraial do Cabo, sem que o marido soubesse e se diz
solteira ao assinar o contrato. No dia 30 do mesmo mês, ela assina um termo de
quitação da dívida de 4,5 milhões da parte dela na fazenda do casal.
Adriana passa o Réveillon de 2007
com Robson em Cabo Frio. No dia 4 de janeiro ela brigada com Renné e ele teria
dito que iria tirá-la do testamento. A Promotoria diz que, neste momento, ela
decide acelerar o crime e vai passar a noite em Arraial do Cabo com Robson.
No dia seguinte, Adriana teria
dito que não voltaria para a fazenda até receber uma ligação de Anderson. Ela
recebe a chama e, no dia 6 de janeiro, teria combinado o crime com ele.
No dia 7, ela recebe uma série de
ligações de um orelhão --8h45, 9h29, 10h35 e 10h42-- às 11h Renné é
assassinado. Segundo a acusação, as chamadas seriam de Anderson par combinar os
últimos detalhes do crime.
FONTE: FOLHA.COM / PAULA BIANCHI
- DO RIO