domingo, 22 de maio de 2011

Rastreador de células tumorais
Vírus de herpes geneticamente modificado atua apenas em células tumorais



Um vírus recém-criado pode rastrear células tumorais de qualquer tamanho e até as muito bem escondidas para serem diagnosticadas em exames. Usando ratos, pesquisadores injetaram o vírus modificado, como um biomarcador, para rastrear células cancerígenas.

O vírus também pode ajudar a diminuir todos os tumores existentes. As versões alteradas do vírus da varíola e de herpes já estão em testes clínicos para ajudar a vencer a batalha contra o câncer.

Esse novo marcador é capaz de detectar tumores de vários tipos de câncer e, em ratos, marcou quantidades microscopias dessas células escondidas nos rins dos animais. Isso sugere que em humanos esses bioindicadores, ou biomarcadores, podem trabalhar para erradicar tumores com apenas um milímetro de diâmetro.

Pesquisadores alertam que ainda existe uma preocupação em relação a possíveis respostas imunológicas ao vírus, em uma forma que o corpo iria combater o tratamento. No entanto, os pesquisadores indicam outro lado positivo: o indicador também poderá ser usado para ajudar a controlar o andamento do tratamento dos pacientes.

Com exceção de poucos tipos de câncer para os quais já existem biomarcadores, como os de próstata e de fígado, a seleção mais ampla de câncer tem sido prejudicada pelos altos custos e acesso limitado a equipamentos sofisticados. Mas, dada a simplicidade do método de injeção viral, poderá ajudar a rastrear todos os tipos de câncer.

Os pesquisadores concluem dizendo que a detecção precoce do câncer é vital para melhorar as taxas de cura e que o estágio do câncer prevê o prognóstico.



FONTE: SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL
INIMIGO INSUSPEITO




Um novo padrão de resistência a antibióticos poderá nos expor a uma enorme variedade de infecções bacterianas


EM MEADOS DE 2008, Timothy Walsh, da Cardiff University, no País de Gales, recebeu e-mail de um amigo. Era Christian Giske, médico da faculdade de medicina do Instituto Karolinska, da Suécia. Ele tratava de um homem de 59 anos, hospitalizado em janeiro daquele ano em Örebro, cidadezinha a cerca de 160 km de Estocolmo.


Diabético havia anos, o paciente sofrera vários derrames cerebrais e recentemente desenvolvera profundas úlceras cutâneas (também chamadas de úlceras de decúbito ou pressão). Mas nada disso era o assunto de Giske. 


O médico estava preocupado com uma bactéria que um rotineiro exame de cultura havia revelado na urina do homem. Walsh, que dirige um laboratório de genética da resistência bacteriana, estaria disposto a dar uma olhada no microrganismo?


Walsh concordou e submeteu a amostra a mais de uma dezena de ensaios. 


Tratava-se de uma Klebsiella pneumoniae, bactéria que, em pacientes hospitalizados, é uma das causas mais frequentes da pneumonia e de infecções da corrente sanguínea. 


Mas essa linhagem tinha uma novidade: um gene que Walsh nunca vira antes. Ele tornava a Klebsiella, já resistente a muitos antibióticos utilizados em tratamentos médicos críticos, insensível ao único grupo remanescente que funcionava de modo confiável e seguro – os carbapenemas, ou medicamentos de último recurso. 


Os pesquisadores descobriram que a única medicação com efeito sobre a cepa resistente era a colistina, fora de uso há anos devido aos seus efeitos tóxicos nos rins. Walsh chamou a enzima produzida por esse gene de Nova D’lhi metalo-beta-lactamase, ou NDM-1, devido à cidade onde o paciente adquiriu a infecção antes de retornar à Suécia.


Se havia um caso desses, refletiu Walsh, provavelmente haveria outros, e ele, Giske, e uma equipe de colaboradores foram à procura de pistas nessa direção. 


Em agosto de 2010, eles publicaram seus relatos na revista médica Lancet Infectious Diseases: eles haviam detectado 180 casos de pacientes portadores do gene. 


O NDM-1 estava amplamente difundido em Klebsiellas na Índia e no Paquistão, e já se alastrara para o Reino Unido por meio de viajantes que estiveram no sul da Ásia para tratamento médico ou visita a amigos e familiares. Pior, em alguns poucos casos, o microrganismo havia se propagado para outro gênero bacteriano – de Klebsiella para Escherichia coli, bactéria que vive nos intestinos de animais de sangue quente e é onipresente em nosso ambiente. Essa transferência levantou a possibilidade de o gene não permanecer confinado a hospitais e infecções hospitalares, mas espalhar-se transportado por bactérias alojadas em pessoas comuns e alastrando-se por apertos de mãos, beijos ou maçanetas de portas, entre outros meios.



A transferência também sugeriu outra possibilidade: de que o delicado e oscilante equilíbrio entre microrganismos e medicamentos, estabelecido em 1928 com a descoberta da penicilina, estava a ponto de desmoronar e pender a favor das bactérias. Nesse caso, muitas infecções fatais, controladas durante décadas com antibióticos, estariam na iminência de voltar à tona como numa vingança.



UM NOVO PADRÃO DE RESISTÊNCIA

O FIM DO MILAGRE DOS ANTIBIÓTICOS não é um tema novo. Desde que surgiram houve resistência a eles: a primeira bactéria resistente à penicilina apareceu antes mesmo que o medicamento chegasse ao mercado, na década de 1940. E, durante quase todo esse período, os médicos têm alardeado a possibilidade de um esgotamento de opções medicamentosas, devido à propagação global de organismos resistentes à penicilina nos anos 50, seguida por uma insensibilidade à meticilina nos anos 80 e à vancomicina na década de 90.


Dessa vez, porém, o prognóstico de uma maldição pós-antibiótica vem de uma parte diferente do mundo microbiótico. Os genes que conferem resistência aos carbapenemas – não apenas o NDM-1, mas toda uma lista alfabética de outros tipos – surgiram no decorrer da última década em um grupo particularmente desafiador de bactérias, chamadas gram-negativas. Essa designação, que empresta o nome de um cientista dinamarquês do século 19, indica superficialmente a reação a uma técnica de coloração que ilumina a membrana celular. Mas sua conotação é muito mais complexa. Bactérias Gram-negativas são promíscuas: elas inter cambiam facilmente fi lamentos de DNA, de modo que um gene de resistência que surge, por exemplo, na Klebsiella, pode migrar rapidamente para a E. coli, Acinetobacter e outras espécies gram-negativas. (Comparativamente, é muito mais provável que os genes resistentes em espécies gram- positivas se agrupem dentro do próprio grupo.) Os germes gram-negativos são mais difíceis de ser eliminados com antibióticos, porque dispõem de uma membrana em camada dupla que até medicamentos potentes têm dificuldade de penetrar; e eles também apresentam certas defesas celulares internas. Além disso, existem menos opções para combatê-los. As empresas farmacêuticas estão desenvolvendo poucos antibióticos de nova geração de qualquer gênero. Contra as persistentes bactérias proteicas gram-negativas, elas nem ao menos têm novos compostos de reserva ou em processo de elaboração.


O que tira o sono das autoridades do sistema de saúde é a possibilidade de genes resistentes aos carbapenemas se propagar sem ser detectados, além dos hospitais, no organismos que provocam doenças comuns e cotidianas – como a E. coli, responsável pela maioria dos milhões de infecções do trato urinário.




FONTE: Scientific American Brasil / Maryn McKenna Maryn McKenna é repórter autônoma de ciências e blogueira da Wired. Ela cobriu surtos de doenças na maioria dos continentes e é autora dos livros Superbug: the fatal menace of MRSA (Free Press, 2010) e Beating back the devil: on the front lines with the disease detectives of the Epidemic Intelligence Service (Free Press, 2004).

Congelamento de sonda de velocidade é possível causa de acidente do AF 447, diz jornal




O voo Air France Rio-Paris, que desapareceu no Atlântico no dia 1º de junho de 2009 com 228 pessoas a bordo, teria sofrido uma súbita parada provocada pelo gelo acumulado nas sondas Pitot, segundo o semanário alemão Der Spiegel, que cita um investigador do acidente.


Os especialistas afirmaram na sexta-feira passada que no fim da próxima semana divulgarão oficialmente as primeiras descobertas sobre as informações contidas nas caixas-pretas do avião, recuperadas recentemente do fundo do oceano.


Der Spiegel, citando um especialista que pediu o anonimato, garante que as causas exatas do acidente não são conhecidas, mas que a informação das caixas-pretas sugere que as sondas de velocidade da aeronave, conhecidas como sondas Pitot, congelaram, o que provocou uma falha na velocidade do Airbus.


O acidente ocorreu em um lapso de quatro minutos, segundo as informações reveladas pelas caixas-pretas recuperadas no mês passado a quase 4 mil metros de profundidade.


Segundo a gravação, o piloto chefe do voo, Marc Dubois, não estava na cabine quando os alarmes soaram.


Pode-se ouvir ele chegando correndo à cabine e "grita instruções aos seus dois copilotos", afirma o especialista ao semanário.


O avião parecia que havia evitado uma área de fortes turbulências, mas suas sondas Pitot tinham partículas de gelo.


Então, "a informação gravada indica uma queda abrupta do avião pouco depois que os indicadores de velocidade falharam", como resultado de uma parada do avião, disse o especialista.


Não está claro se isto foi consequência de um erro do piloto ou se os computadores da aeronave saltaram automaticamente para compensar o que parecia ser uma súbita perda de potência, disse a revista.


O caso é seguido de perto na Alemanha, já que 28 passageiros do voo eram alemães.

Brasil celebra beatificação de irmã Dulce neste domingo em Salvador



Ao meio dia deste domingo (22), o Parque de Exposições da Bahia, em Salvador, abre seus portões para sediar um dos maiores atos de fé já assistidos pelos católicos baianos: a cerimônia de beatificação de irmã Dulce, que se notabilizou como o Anjo Bom da Bahia. 

O ato solene colocará a freira, falecida há 19 anos, a um passo da santificação.

Organizadores do evento esperam cerca de 70 mil pessoas de toda a Bahia, do Brasil e até do exterior. Afinal, são 11 anos de espera para chamar irmã Dulce de "Bem-aventurada Dulce dos Pobres". A beata terá o dia 13 de agosto como data oficial de celebração de sua festa litúrgica.

Entre os fiéis estará a dona de casa Terezinha Santos Varjão, 65, que se define como católica praticante. “Admiro muito a obra de irmã Dulce. Ela foi santa em vida. Não falto a essa cerimônia de jeito nenhum. Quero chegar cedo para ficar bem na frente e assistir a tudo”, diz ela, uma das primeiras a pegar o ingresso na paróquia do bairro da Pituba.

A agenda festiva começará às 14h, com a exibição do espetáculo "Nasce uma Flor", que contará passagens memoráveis da vida da religiosa. O espetáculo reunirá cerca de 500 alunos do Centro Educacional Santo Antônio (CESA) - que integra as Obras Sociais Irmã Dulce -, com idades entre 6 e 15 anos, em cenas marcantes, como a do galinheiro onde ela acolhia doentes e que deu origem ao Hospital Santo Antônio.

Às 17h, acontecerá a celebração canônica com uma missa seguida do roteiro litúrgico do Rito de Beatificação do Vaticano. A cerimônia contará com cerca de 500 religiosos – entre padres, arcebispos, bispos, diáconos e seminaristas. Logo depois, o arcebispo de Salvador, dom Murilo Krieger, solicitará ao papa que inscreva, na lista dos santos e beatos da Igreja Católica, o nome da freira baiana.

O cardeal dom Geraldo Majella pedirá, em nome do papa, que seja lida a biografia da beatificada, concluindo com o decreto apostólico de Bento 16 incluiu irmã Dulce na lista dos santos e beatos da Igreja Católica, propondo-a como exemplo cristão para todos os fiéis.

Os presentes assistirão ainda ao descerramento de uma imagem da nova beata, enquanto uma procissão solene apresentará uma relíquia da religiosa. 

À frente estará Cláudia Cristiane Santos Araújo, a funcionária pública sergipana cuja cura de uma hemorragia foi reconhecida pelo Vaticano como milagre atribuído a irmã Dulce. Em sinal de gratidão, ela depositará flores aos pés da imagem. Com a proclamação da freira como bem-aventurada, será encerrada a cerimônia.


Beatificação

O processo de canonização de irmã Dulce começou em janeiro de 2000. A validação jurídica do milagre  -supostamente ocorrido em 2001- foi emitida pela Santa Sé em junho de 2003. Em abril de 2009, o papa Bento 16 reconheceu as virtudes heróicas da Serva de Deus Dulce Lopes Pontes, autorizando oficialmente que lhe fosse concedido o título de Venerável.

Em outubro de 2010, a Congregação para a Causa dos Santos acatou por unanimidade o milagre atribuído à freira baiana, cumprindo, assim, a última etapa do processo de beatificação, que antecede a canonização.

No dia 10 de dezembro de 2010 foi promulgado o decreto do milagre da beatificação, iniciando, no dia seguinte, o processo de canonização da bem-aventurada. Para alcançar a santificação, porém, será necessár ia a comprovação de uma nova graça ocorrida a partir de 11 de dezembro por intercessão da beata.


O milagre

Tudo começou com uma pergunta feita pelo padre José Almí de Menezes, em 10 de janeiro de 2001, à funcionária pública Cláudia Cristiane Santos de Araújo, desenganada pelos médicos, durante uma forte e incontrolável hemorragia, após dar à luz o segundo filho. 

“Você precisa de um milagre para sobreviver. Você acredita que irmã Dulce possa interceder diante de Deus?” Mesmo desconhecendo mais detalhes sobre irmã Dulce, Cláudia respondeu positivamente. “Eu também. Então, vamos rezar”, disse o religioso, ao depositar uma imagem da freira sobre o frasco do soro.

Como resultado desse curto diálogo, afirmam os peritos, o sangue estancou, surpreendendo a equipe médica, que já iniciara os procedimentos para atestar o óbito da paciente. O obstetra Antônio Cardoso Moura havia comunicado à família que não tinha mais nada a fazer. Poucos dias depois, Cláudia deixou o hospital andando. 

Peritos médicos, religiosos e especialistas em processo canônico garantem que o ocorrido é inexplicável do ponto de vista da medicina.


Histórico

Irmã Dulce nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador, sendo registrada Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Foi a segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes.

Aos 13 anos, a irrequieta menina, que até então gostava de soltar pipa e jogar futebol, manifestou interesse pela vida religiosa e pelos pobres, a ponto de sua casa ficar conhecida como "a portaria de São Francisco". Seus pais, porém, resistiam em deixá-la trilhar o caminho da fé, o que somente ocorreu após Maria Rita completar 18 anos.

Em 1933, ela ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo (Sergipe). No mesmo ano recebeu o hábito e adota, em homenagem à mãe, o nome de Irmã Dulce.

Logo depois, voltou à Bahia e iniciou seu trabalho assistencial em comunidades carentes. Treze anos depois, cansada de perambular pelas ruas, com seus desassistidos, sofrendo humilhações, irmã Dulce ocupou, com autorização da sua superiora, o galinheiro do Convento Santo Antonio, levando para lá 70 doentes, local onde fundou o Hospital Santo Antonio, que atualmente responde por mais de cinco milhões de atendimentos por ano.

O local foi definido por ela como “a última porta e a única que não poderia se fechar” aos pobres. Com seu estilo incansável, a freira de 1,47m de altura, que respirava com apenas 20% da capacidade pulmonar, ampliou ano a ano o seu trabalho assistencial, contando apenas com doações.

Irmã Dulce morreu em 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, ao lado dos seus doentes. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, futuro Santuário de Irmã Dulce, que está sendo construído junto às obras.


FONTE: Heliana Frazão - Especial para o UOL Notícias - Em Salvador