sexta-feira, 27 de maio de 2011

Declarada inconstitucional lei paraense que mantinha defensores públicos não concursados




Por votação unânime, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou, ontem (26), a inconstitucionalidade do artigo 84 da Lei Complementar (LC) nº 54/2006, do Estado do Pará, que mantinha advogados não concursados investidos na função de defensores públicos na condição de “estatutários não estáveis”, até a realização de concurso público de provimento dos cargos da categoria inicial da carreira.


A decisão foi tomada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4246, ajuizada em junho de 2009 pelo governo paraense. 


Com adesão dos demais ministros presentes à sessão, o relator do processo, ministro Ayres Britto, endossou parecer da Procuradoria-Geral da República pela procedência da ação e, por conseguinte, pela declaração de inconstitucionalidade do artigo impugnado.




Alegações


A ação, ajuizada contra a Assembleia Legislativa do Pará (AL-PA) que promulgou a lei complementar questionada, alegava que, ao permitir a permanência de advogados contratados sem concurso público no exercício da função de defensores públicos no estado, o dispositivo impugnado violava os artigos 37, incisos II e IX, e 134, parágrafo único, da Constituição Federal (CF), que prevê a admissão de servidor público somente por concurso público.


Alegou, ainda, que cabia substituir logo os defensores temporários, pois haveria até o risco de sua participação nos processos em que atuaram ser objeto de contestação, em instâncias superiores.



Decisão


Em sua decisão, o Plenário do STF convalidou a atuação dos defensores temporários até agora exercida, mas decidiu que sequer caberia modular a decisão para proporcionar uma transição dos atuais para novos ocupantes desses cargos.


Isso porque foi informado, em Plenário, pelo procurador-geral do Pará, José Aloysio Cavalcante Campos, que o Estado já acaba de realizar o terceiro concurso para provimento de cargos de defensor público e que, ainda no dia 20 deste mês, foram nomeados 32 novos profissionais concursados para a função.


Com isso, segundo informou, há 291 defensores públicos em atuação no estado para 350 comarcas. 


Entretanto, ainda há um cadastro de reserva, com os quais serão preenchidas as 59 vagas ainda abertas. Assim, não há mais a necessidade de manutenção dos defensores ditos “estatutários estáveis”.


Essas últimas informações, prestadas em Plenário, levaram o ministro Ayres Britto a reconhecer que “o artigo 84 (da LC 54/2006 do Pará) esvaiu sua eficácia material”. 


Assim, tampouco persiste, então, segundo ele, a alegação anterior de que 97 defensores aprovados no segundo concurso realizado naquele estado não haviam ainda sido nomeados em virtude de dificuldades orçamentárias.


Por fim, na mesma linha em que já se manifestou quando relatou a ADI 3700, o ministro Ayres Britto observou que “essa forma de recrutamento (sem concurso público) não se coaduna nem com a parte permanente, nem com a transitória de contratação de servidores, preconizada pela Constituição Federal (CF)”.


Além dos dispositivos constitucionais mencionados, ele se referia ao artigo 22 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), que assegurou aos dfensors públicos investidos na função até a data de instalação da Assembleia Nacional Constituinte, o direito de opção pela carreira, porém com observância das garantias e vedações previsas no artigo 134, parágrafo único, da CF (concurso de provas e títulos).





FONTE: STF

Ordem quer que união homoafetiva seja da alçada de Vara de Família




O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, encaminhou ontem (26) ofício ao presidente do presidente do Conselho Nacional de Justiça, ministro Cezar Peluso, que também é presidente do Supremo Tribunal Federal, solicitando que o órgão de controle externo expeça recomendação para que as ações relativas à união estável entre pessoas do mesmo sexo - recentemente reconhecida pelo STF como entidade familiar - sejam examinadas e julgadas pelas Varas de Família. 


Nesse sentido, ele requer ao presidente do CNJ que recomende a todos os juízos cíveis, onde estejam em andamento ações dessa natureza, que as remetam às Várias de Familia.


Ophir Cavalcante ressalta no ofício que essa previsão já existe na Lei 9.278/1996, cujo artigo 9º determina que "toda matéria relativa à união estável é de competência do juízo da Vara de Família, assegurado o segredo de justiça". 


Acrescenta que, com tal providência pelo CNJ, recomendando que as ações nessa área sejam da alçada de Varas de Família, vai-se "evitar que ocorra injustificável demora no andamento das ações (sobre união estável homoafetiva), com a interposição de eventuais conflitos de competência".




FONTE: OAB-RJ

CPI pode ajudar Procuradoria a investigar Palocci, diz oposição




A decisão do Ministério Público de abrir inquérito para investigar a evolução patrimonial do ministro Antônio Palocci (Casa Civil) deu fôlego à oposição para tentar instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso com o objetivo de investigar o petista.



Senadores do DEM e PSDB acreditam que as investigações vão apontar "fortes indícios" de irregularidades na evolução do patrimônio do ministro --o que levará senadores governistas a assinar o pedido de instalação da CPI.



"Temos alguns senadores que prometeram assinar a CPI na dependência das respostas que o ministro oferecer à Procuradoria. A CPI pode colaborar com o Ministério Público porque tem poderes para quebrar sigilos mais rapidamente", disse o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).



A oposição reuniu 18, das 27 assinaturas necessárias para a instalação da CPI no Senado. 



Há a promessa de dissidentes do PMDB assinarem o pedido, assim como outros governistas menos "alinhados" com o Palácio do Planalto.



Ontem, o Senado havia divulgado a adesão de 20 senadores, mas o senador Clésio Andrade (PR-MG) retirou seu apoio e Itamar Franco (PPS-MG) está internado e ainda não oficializou a assinatura, apesar de a oposição já contar com seu nome.



Apesar de a oposição defender uma CPI mista (com deputados e senadores), Dias afirmou que a comissão será criada apenas no Senado se a Casa conseguir primeiro reunir as 27 assinaturas. 



Na Câmara, foram reunidas até agora 100 das 171 assinaturas necessárias.



O líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), adiantou que há assinaturas de deputados da base aliada, inclusive, mas o trabalho de convencimento será maior daqui para frente. "Ainda tenho a esperança que a CPI é possível, mas tenho dúvidas de que será um processo difícil."



Para o presidente do DEM, José Agripino Maia (RN), o Ministério Público cumpre sua "obrigação" de investigar diante de "fatos evidentes"de que Palocci enriqueceu de forma irregular. "Eu confio na isenção e na profundidade com que as investigações vão ser feitas pelo Ministério Público."



Agripino disse que a sociedade brasileira "deposita suas expectativas" na capacidade investigativa do Ministério Público.



Para ACM Neto, o Ministério Público está cumprindo seu papel ao investigar Palocci. "Já que o governo usa todas as manobras possíveis para impedir uma apuração na Câmara, o Ministério Público parece ser a forma mais viável de haver uma investigação, após tantos fatos graves", disse.



Em defesa de Palocci, o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), disse que o ministro-chefe da Casa Civil está disposto a dar todas as informações necessárias ao Ministério Público. "Ele já vem prestando as informações necessárias e está muito tranquilo quanto a isso", afirmou.






FONTE: FOLHA.COM / GABRIELA GUERREIRO - LARISSA GUIMARÃES - DE BRASÍLIA

John Neschling perde em segunda instância ação contra a Osesp




O maestro John Neschling perdeu ontem ação na Justiça movida em segunda instância contra a Fundação Osesp. Ainda cabe recurso.




Após ser demitido, em 2009, ele abriu processo trabalhista contra a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Em primeira instância, deveria receber R$ 4,3 milhões; agora, passou a dever R$ 86 mil ao Estado.




O advogado do maestro diz que ele deve recorrer.




A Osesp divulgou um comunicado oficial tratando sobre o assunto.




Leia a íntegra do texto:




"A Fundação OSESP vem a público informar que o processo que lhe move o Maestro John Neschling foi julgado improcedente em todos os seus termos pelo Tribunal Regional do Trabalho, não sendo acolhidas suas alegações e revertendo-se, assim, o entendimento anterior de primeira instância. 




Aguardamos a publicação dessa decisão favorável e reiteramos nossa conduta sempre pautada por valores éticos e estrita legalidade."




FONTE: FOLHA.COM

Formiga sabe diferenciar árvore onde vive das outras




As formigas sabem de longe qual é a árvore onde vivem, e pesquisadores estudam como elas fazem a distinção de uma planta estranha da sua natural.






As formigas da espécie Pseudomyrmex triplarinus vivem em profundos canais nos caules e troncos das árvores Triplaris americana, onde conseguem se abrigar e obter açúcar, gordura e proteína fornecidos pela árvore.






Como recompensa, elas picam os animais que tentam comer as folhas das árvores e afastam plantas de outra espécie que crescem perto delas.






Os cientistas, que trabalham no Peru, descobriram que as formigas expurgaram mudas que brotavam próximo às suas árvores e também removeram de 80% a 100% das folhas estranhas experimentalmente fixadas ao tronco, comparando-se com apenas 10% a 30% das folhas da T. americana.






Ao tratarem tiras de papel absorvente com extratos de cera de três substâncias diferentes --da folha da T. americana, de uma espécie bem próxima, a T. poeppigiana_ e de solventes puros como controle --, eles perceberam que as formigas atacaram as tiras de controle com mais frequência do que as outras duas.






Isso sugere que as formigas conseguiram, em um nível considerável, reconhecer o extrato independentemente da forma ou da textura do material que carregavam.






"Essas formigas são muito protetoras de sua árvore acolhedora", diz Jorge M. Vivanco, um dos autores do estudo e professor de biologia da Universidade Estadual do Colorado.






"Não importa se é humano, animal, um inseto ou outra planta; elas vão atacar. A forma como conseguem diferenciar a árvore acolhedora de outros tipos de plantas é a principal contribuição para este estudo", comenta.






Detalhes da pesquisa estão na edição deste mês do jornal "Biotropica".





FONTE: FOLHA.COM / THE NEW YORK TIMES

Jabuti ganha 'prótese' com rodinha de brinquedo




Uma jabuti fêmea recebeu uma roda de plástico para substituir uma de suas patas que foi devorada por ratos enquanto ela hibernava.


Jeremy Durkin
Tuly caminha usando a sua 'prótese'


A "prótese" improvisada a partir de um brinquedo infantil permitirá que a jabuti Tuly retome pelo menos parte dos movimentos, segundo a organização que está cuidando do animal, Norfolk Tortoise Club, na Inglaterra.



A ferida foi descoberta pelo dono do animal por acaso durante uma visita de rotina ao local onde ela vivia.



Imediatamente, os veterinários foram chamados para salvar o réptil.



Por sorte, eles acreditam, Tuly conseguiu resistir ao ataque apesar de seu estado de sonolência.



"Depois de uma operação para estabilizar os ferimentos, que poderiam ser fatais, percebemos que ela estava danificando um dos lados do casco quando caminhava", disse a porta-voz da organização, Eleanor Tirtasana, ao jornal Eastern Daily Press.



"Com a roda de um carrinho de brinquedo, ela agora pode rolar por aí livremente."





FONTE: FOLHA.COM / BBC BRASIL

Novo remédio contra hepatite C aumenta chance de cura em até 79%




Um novo remédio contra a hepatite C deve chegar ao Brasil em outubro. O Incivek, nome comercial do componente telaprevir, pode aumentar a chance de cura em até 79%.






A FDA (agência de alimentos e medicamentos do Estados Unidos) aprovou a nova fórmula na última segunda-feira (23). O custo da medicação nos EUA varia entre US$ 20 mil e US$ 30 mil.






Segundo o presidente da Associação Brasileira de Portadores de Hepatite (ABPH), Humberto Silva, o composto é visto com otimismo.






"Esse remédio vai complementar a esperança de cura dos portadores de hepatite C que há 20 anos vêm se tratando. 






No Brasil, são 3 milhões de pessoas infectadas, e apenas 10% sabem que estão doentes. É uma coisa assustadora", disse em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.






Ao chegar ao país, o medicamento precisará ter o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ser comercializado. 






O Ministério da Saúde ainda não sabe qual será o valor do remédio no mercado nacional ou se o composto será distribuído no SUS (Sistema Único de Saúde).






Além desse medicamento, foi aprovado em maio, o Victrelis, nome comercial do componente boceprevir. É um inibidor de protease --enzima de ligação fundamental para a multiplicação do vírus da hepatite C e age de maneira muito semelhante ao Incivek.






A hepatite C age no organismo por vários anos sem desenvolver qualquer sintoma, até causar a cirrose (falência hepática) e, em outros casos, também o câncer de fígado. E ainda é dividida em quatro tipos de vírus: 1, 2, 3 e 4 --chamados de genótipos. O Incivek vai agir no genótipo 1, que é justamente o mais difícil de tratar, pois é resistente aos remédios que existem.






O presidente da ABPH explica que o tratamento da hepatite traz alguns efeitos indesejáveis. Os cabelos caem, os pacientes sentem dores na cabeça, no corpo. Ele ressalta que o novo medicamento será usado de maneira complementar.






"Esse remédio não substitui os já existentes que é o Interferon (injeção semanal) e a Ribavirina (cápsulas diárias). O Incivek são cápsulas diárias, que deverão ser acrescentadas aos dois medicamentos, e tomadas por 12 semanas."






Silva alerta para a importância do teste, que pode ser feito por meio de exames de sangue, ou uma biópsia do fígado. "Pessoas de 30 a 60 anos, pessoas que tiveram transfusão de sangue, que vão muito a dentistas, que possuem tatuagens no corpo, estão no grupo de risco."





FONTE: FOLHA.COM / AG. BRASIL

EUA alertam para falta de segurança de prótese de quadril



A segurança das próteses metálicas de quadril está sendo questionada por instituições como a Associação Britânica de Ortopedia e a FDA, agência que regula os produtos de saúde dos EUA.






Estudos indicam que essas próteses soltam uma quantidade de resíduos metálicos potencialmente perigosa para a saúde.






"As minúsculas partículas soltas pelo desgaste do material podem causar efeitos locais e sistêmicos [que afetam o corpo todo]", diz o ortopedista Luiz Marcelino Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Quadril.






Como efeitos locais, segundo o médico, os resíduos de cromo e cobalto (material das próteses) podem provocar uma reação alérgica nos tecidos ao redor do implante, causando dores, falsos tumores (sem células cancerosas) e até destruição óssea.






Os efeitos generalizados estão relacionados à toxicidade dos metais. "Eles podem afetar a função renal em pessoas predispostas, por exemplo", diz Gomes.






O risco de câncer associado a esses materiais está sendo discutido, mas ainda não foi comprovado.






Segundo o ortopedista Emerson Honda, do hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, os níveis de metal no sangue das pessoas que usam essas próteses são 20 vezes mais altos do que os considerados normais.






Outros tipos de prótese, feitas com polieteno (material plástico) ou cerâmica, levam uma capa de metal. Elas também soltam resíduos, mas em concentrações menores.


Ivan Luiz/Arte



CONTROLE


Nos Estados Unidos, a FDA pediu para que todos os fabricantes de próteses metálicas de quadril apresentem mais estudos sobre a segurança do implante ao longo do tempo.



Aqui, o acompanhamento das próteses e o monitoramento da sua qualidade devem começar a ser feitos agora, segundo a Anvisa.



Em parceria com a Sociedade Brasileira de Quadril, a agência iniciou o registro nacional de artoplastia [cirurgia do quadril], para seguir a evolução dos pacientes.



No Brasil, são colocadas por ano cerca de 30 mil próteses, de todos os materiais, contra 250 mil nos EUA.



Os tipos mais usados são os implantes com polieteno, que têm a desvantagem de durarem menos tempo, e os de cerâmica, que duram mais, mas podem quebrar.



"Não existe prótese que seja o substituto ideal do osso", afirma o ortopedista Moisés Cohen, presidente da Isakos (Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina Esportiva Ortopédica).



Para Cohen, os implantes feitos totalmente de metal podem ser uma opção para os mais jovens. "Essas prótesestêm uma estabilidade que permite a prática de atividades de maior impacto."



O problema é que, quanto mais mais jovem o paciente, mais tempo as substâncias tóxicas circulam em seu organismo. "Ainda não sabemos quais são as consequências a longo prazo que os resíduos metálicos podem causar", diz Honda.



Na avaliação do ortopedista Lafayette Lage, especializado em próteses de quadril para atletas, o problema não está no material, mas sim na técnica cirúrgica. "Se a prótese é colocada com inclinação errada, vai ter liberação de metais. Por erro de colocação, esse material está sendo crucificado."




FONTE: FOLHA.COM / IARA BIDERMAN - DE SÃO PAULO

Airbus do voo 447 bateu no oceano a 200 km/h; veja últimos minutos




O avião que fazia o voo 447 da Air France bateu no oceano Atlântico a uma velocidade de cerca de 200 km/h, segundo relatório preliminar divulgado nesta sexta-feira pelo BEA --órgão do governo francês responsável pela investigação do acidente. 


A tragédia ocorreu em 2009, durante o trajeto Rio-Paris, e causou a morte dos 228 ocupantes.


Segundo o relatório, entre as 22h59 e as 23h01 (horário de Brasília) do dia 31 de maio, o comandante do avião, Marc Dubois, estava na cabine do Airbus A330 e ouviu a conversa entre os copilotos David Robert e Pierre-Cedric Bonin.




Um deles diz: "O pouco de turbulência que você acabou de ver (...) devemos encontrar outras mais à frente (...). Estamos na camada, infelizmente não podemos subir muito mais agora porque a temperatura está diminuindo menos rapidamente do que o esperado". Em seguida, Dubois deixou a cabine. No relatório, o BEA não detalha quais atitudes foram tomadas por quais pilotos.






Segundo o BEA, o relatório descreve "de maneira factual a sequência dos acontecimentos que levaram ao acidente". As primeiras análises definitivas serão apresentadas somente no fim de julho. "Só depois de um trabalho longo e minucioso de investigação é que as causas do acidente serão determinadas e as recomendações de segurança serão emitidas, o que é a principal missão do BEA", informou o órgão.







VEJA COMO FORAM OS ÚLTIMOS MINUTOS DO VOO 447:





23h06min04s: o primeiro copiloto chama os comissários de bordo diz: "Em dois minutos devemos chegar a uma área mais agitada do que agora e devemos tomar cuidado lá". Ele acrescenta: "Eu aviso logo que sairmos de lá".






23h08min07s: o segundo copiloto propõe ao que pilota: "Você pode, possivelmente, levar um pouco para a esquerda". A aeronave começa uma ligeira virada para a esquerda --o desvio em relação à rota inicial é de cerca de 12 graus. O nível de turbulências aumenta ligeiramente, e a tripulação decide reduzir a velocidade.






A partir das 23h10min05s, o piloto automático é desativado e o copiloto diz: "Eu tenho os comandos". O piloto automático permanecerá desligado até o final do voo.




A aeronave se inclina para a direita, e o copiloto faz uma manobra à esquerda e tenta elevar o nariz. O alarme de "stall" (perda de sustentação aerodinâmica) dispara duas vezes.




Neste momento, os dados registrados na caixa-preta mostram uma queda acentuada na velocidade medida no lado esquerdo do avião --de 275 nós (509 km/h) para 60 nós (111 km/h).


Momentos depois, a mesma queda é mostrada nos instrumentos de bordo. A velocidade medida no lado direito do avião não foi registrada pela caixa-preta.






Às 23h10min16s, o segundo copiloto diz: "Perdemos as velocidades" e, em seguida, "alternate law". O "alternate law" indica que o fly-by-wire --sistema automático que impede que erros de pilotagem-- foi desabilitado.




O ângulo de ataque, ângulo entre o vento relativo e o eixo da aeronave, aumenta gradualmente para acima de 10 graus e leva o Airbus a uma trajetória ascendente. 




O copiloto realiza ações para abaixar o nariz do avião e manobras de inclinação alternadas à direita e à esquerda.




A velocidade de queda, que havia atingido 7.000 pés por minuto (128 km/h) cai para 700 (12,8 km/h). 




A inclinação varia entre 12 graus à direita e 10 graus à esquerda. A velocidade mostrada à esquerda aumentou brutalmente para 215 nós (398 km/h). A aeronave se encontra, então, a uma altitude de cerca de 37,5 mil pés (11.430 metros) e a inclinação do nariz é de cerca de 4 graus.




Apesar de o problema parecer resolvido, o piloto chama o comandante à cabine diversas vezes, a partir das 23h10min50s.






23h10min51s: o alarme de "stall" soa novamente. Os manetes do avião são colocados na posição "TO/GA" e o copiloto faz manobras para levantar o nariz. O ângulo de ataque, que estava em 6 graus quando o alarme soou, continua a aumentar. O estabilizador horizontal (THS) passa de 3 para 13 graus em cerca de 1 minuto, e permanecerá assim até o fim do voo.






23h11min06s: a velocidade mostrada no painel aumenta abruptamente para 185 nós (343 km/h), e é a mesma registrada no lado esquerdo do avião. O copiloto continua efetuando manobras para levantar o nariz. A altitude da aeronave atinge o máximo, 38 mil pés (11.582 metros), e o ângulo de ataque está 16 graus.






23h11min40s: o comandante Marc Dubois retorna à cabine. Em seguida, todas as indicações de velocidades se tornam inválidas e o alarme de "stall" para de soar.






Segundo o BEA, quando as velocidades medidas são inferiores a 60 nós (111 km/h), as medições do ângulo de ataque são consideradas inválidas e não são considerados pelo sistema de voo.




Quando são inferiores a 30 nós (55 km/h), os próprios valores de velocidade são considerados inválidos.




Neste ponto, o Airbus está a uma altitude de 35 mil pés (10.668 metros), e a velocidade de queda é de cerca de 10 mil pés por minuto (183 km/h). A inclinação do nariz não passa dos 15 graus e a rotação dos motores está perto de 100%. A aeronave sofre oscilações de inclinação que chegam a 40 graus. O piloto aciona o manche no limite para a esquerda e tenta levantar o nariz por cerca de 30 segundos.






23h12min02s: o piloto diz: "Eu não tenho mais nenhuma indicação", e outro responde: "Não temos nenhuma indicação que seja válida". Neste ponto, os manetes estão na posição "Idle", e a rotação dos motores está em 55%. 




Quinze segundos depois, o piloto faz novas manobras para levantar o avião. Nos instantes que se seguem, o ângulo de ataque cai, as velocidades tornam-se novamente válidas e o alarme de "stall" é reativado.






23h13min32s: o piloto diz: "Vamos chegar ao nível 100". Na aviação, a altitude é indicada em níveis de centenas de pés --o nível 100 se refere a 10 mil pés (3.048 metros). Cerca de 15 segundos depois, são registradas manobras simultâneas do piloto e do copiloto nos manches, e um deles diz: "Vamos lá, você tem os comandos". O ângulo de ataque, quando válido, está sempre acima de 35 graus.






Os registros param às 23h14min28s. Os últimos valores registrados pela caixa-preta são de 16,2 graus de elevação do nariz, inclinação de 5,3 graus à esquerda, rumo magnético de 270 graus e velocidade vertical de 10.912 pés por minuto (200 km por hora).







REPORTAGENS




O anúncio do BEA ocorre após pressão feita pela imprensa internacional na última semana, quando foram publicadas reportagens com especulações sobre as causas do acidente.






Após o resgate das caixas-pretas e a confirmação de que os dados do voo poderiam ser lidos, os investigadores franceses haviam informado que a análise do material duraria meses.






O jornal francês "Le Figaro" informou que a análise preliminar das caixas-pretas do Airbus apontava para um erro dos pilotos como motivo do acidente. O BEA desmentiu as informações, mas resolveu antecipar a divulgação dos primeiros dados recuperados.




No domingo (22), a revista alemã "Der Spiegel" noticiou que o avião sofreu uma parada súbita provocada por gelo acumulado nas sondas de velocidade Pitot e que o comandante do voo, Marc Dubois, não estava na cabine na hora do acidente. O sindicato de pilotos da Air France rechaçou as reportagens.




FONTE: FOLHA.COM / ANDRÉ MONTEIRO - DE SÃO PAULO

'Não estou entendendo mais nada', disse piloto do voo 447




Um dos três pilotos do voo AF 447 da Air France, que caiu no Atlântico em 2009, disse "não estou entendendo mais nada" durante a perda do controle do Airbus, declarou à BBC Brasil Jean-Paul Troadec, diretor do Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês).


A frase foi ouvida durante a transcrição da caixa-preta que grava as conversas dos pilotos e qualquer som emitido na cabine, como os alarmes.






Segundo Troadec, as investigações vão se concentrar agora nas diferentes ações dos pilotos diante do problema da perda das indicações de velocidade do avião, causada pelo congelamento dos sensores, os chamados tubos Pitot.






O BEA afirma acreditar que os sensores de velocidade, que ficam na parte externa do avião, tenham ficado entupidos por cristais de gelo formados em alta altitude.






"Vamos investigar qual foi o treinamento individual dos pilotos e quais procedimentos de emergência relativos a problemas nos sensores de velocidades foram aplicados", afirma Troadec.






Em nota divulgada nessa sexta-feira, o BEA informa que o Airbus da Air France despencou em alta velocidade, caindo de uma altitude de 11 quilômetros em apenas três minutos e meio. A velocidade de queda foi de 200 km/h, segundo Troadec.






O diretor ressalta, na entrevista à BBC Brasil, que as causas do acidente ainda não são conhecidas.








BOATOS




O BEA não aponta até o momento que houve falhas dos pilotos, como sugerem vários rumores publicados pela imprensa internacional nos últimos dias.






"Sabemos que as falhas nos sensores de velocidade são o primeiro elemento de uma série de eventos que conduziram ao acidente. Se não tivesse ocorrido esse problema, não estaríamos na situação atual", disse Troadec.






Os investigadores vão tentar descobrir porque a tripulação da Air France não conseguiu recuperar o controle do avião. "Em incidentes similares, os pilotos haviam conseguido resolver a situação em um lapso curto de tempo", diz Troadec.






Segundo a nota divulgada nessa sexta, após entrar em uma zona de turbulência, os pilotos foram confrontados a duas velocidades diferentes durante pouco menos de um minuto, uma delas indicando uma perda brutal da velocidade do avião.






Mas o diretor do BEA afirma que as informações sobre a velocidade voltaram a ser indicadas um minuto após a perda desses dados nos computadores de bordo.






"Não sabemos ainda porque o controle do avião não pôde ser retomado", afirma. O nível de turbulência no momento, segundo ele, não era elevado.






Em um relatório realizado por especialistas a pedido da Justiça francesa, divulgado pelo jornal "Libération" nesta sexta-feira, especialistas apontam que a tripulação da Air France não estaria bem preparada para enfrentar o problema de congelamento dos sensores de velocidade em alta altitude, por falta de formação e de treino.






Isso, segundo o jornal, poderia ser uma "circunstância atenuante" para os pilotos.






Foi com base no relatório desses especialistas, divulgado em março, que a Justiça francesa indiciou a Airbus e a Air France por homicídio culposo.






Troadec afirma que um relatório preliminar sobre as causas do acidente será divulgado no final de julho.




FONTE: FOLHA.COM / BBC BRASIL