quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Estudo aponta possível terapia genética contra depressão



Pesquisadores identificaram um gene que pode causar sintomas de uma grave depressão, e disseram que talvez seja possível usar uma terapia genética para impedi-los.



Eles já testaram uma terapia semelhante nos cérebros de pacientes com mal de Parkinson, e poderiam adaptá-la rapidamente para tratar da depressão, disseram Michael Kaplitt, da Faculdade de Medicina da Universidade Cornell, e seus colegas em um estudo divulgado na quarta-feira.


"Temos uma terapia potencialmente nova para atingir o que agora sabemos ser uma das causas na raiz da depressão humana", disse o neurocirurgião Kaplitt em nota.



A depressão afeta cerca de 121 milhões de pessoas no mundo todo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e é diagnosticada anualmente em pelo menos 13 milhões de adultos nos EUA. É o principal fator causador de suicídios, e pelo menos 27 milhões de norte-americanos tomam antidepressivos.



As causas são complexas, e pacientes diferentes reagem a diferentes tratamentos.



A equipe de Kaplitt examinou a atividade de um gene chamado p11 numa parte do cérebro chamado "nucleus accumbens." "Este é o centro do cérebro para a satisfação e recompensa", disse Kaplitt por telefone.



"Um dos principais problemas na depressão é a chamada anedonia [incapacidade de se satisfazer com atividades normalmente prazerosas da vida]."



O gene p11 ajuda a regular a sinalização da serotonina, neurotransmissor associado ao humor, ao sono e à memória. Muitos antidepressivos agem sobre a serotonina.



Os pesquisadores usaram ratos sem o gene p11 ativo, e que agiam como deprimidos.



"Se você pega um rato pela cauda, ele tende a lutar para fugir. Um rato apresentando comportamento depressivo simplesmente fica lá deitado", disse Kaplitt.



A mesma equipe já testa a terapia genética para o mal de Parkinson em pessoas. Eles usaram o mesmo vetor --o vírus empregado para levar o novo gene ao organismo-- para fazer o substituto terapêutico do gene p11.



Isso transformou o comportamento dos ratos deprimidos, segundo artigo na revista "Science Translational Medicine". Mas substituir um gene em ratos não prova que esse gene cause os sintomas em humanos, ou que estimular sua produção iria alterar a depressão humana.



Então, os cientistas examinaram amostras cerebrais de pessoas já mortas que tinham depressão, e compararam com amostras de pessoas que não haviam sido deprimidas em vida.



Os níveis do p11 na região do "nucleus accumbens" --o centro da recompensa-- eram significativamente menores nos pacientes deprimidos, disseram os cientistas.



Kaplitt salientou que a terapia genética contra a depressão ainda vai demorar para ser testada em humanos, embora os testes com pacientes de Parkinson indiquem que a prática é segura.



"Um dos próximos passos principais é tentar testar isso em primatas não humanos", afirmou.






FONTE: FOLHA ONLINE / DA REUTERS

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