terça-feira, 30 de novembro de 2010

Com setor de inteligência 

e informantes, 

PM tenta contabilizar 

número de traficantes 

escondidos no Alemão


Principal mistério entre os moradores na região do Complexo do Alemão (zona norte do Rio de Janeiro), o número de traficantes que ainda permanecem escondidos na comunidade ocupada é uma incógnita para a própria Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro.
 
“Qualquer pessoa que falar um cálculo estará chutando. Não se tem nada sobre isso. Não existe metodologia. É impossível saber neste momento”, afirmou ao UOL Notícias o major Ronaldo Martins, sub-coordenador de comunicação social da corporação.
 
Segundo ele, análises ainda estão sendo feitas pelo setor de inteligência da PM, usando como bases estimativas anteriores à invasão e informações que estão sendo passadas por informantes infiltrados nas favelas da região.
 
Até semana passada, a PM divulgava que, em uma suposição, cerca de 600 homens estariam no domingo (28) nos morros do complexo, quando houve a invasão e retomada dos territórios pelo Estado.
 
Uma das únicas pessoas que poderia desvendar o mistério sem risco de supervalorizar ou minimizar o efetivo real de traficantes, o coordenador-executivo da ONG AfroReggae, José Junior, falou sobre o assunto na edição de segunda-feira (29) do jornal carioca “O Dia”.
 
Enviado ao Alemão no sábado (27) para tentar negociar uma rendição dos traficantes antes da entrada da polícia e do Exército, José Junior viu com os próprios olhos quantos e quem eram os membros do Comando Vermelho que estavam na comunidade.
 
“Havia algumas lideranças, umas 40 pessoas armadas, mas completamente desestruturadas, principalmente emocionalmente. Estavam desestimulados, desesperançosos para o confronto porque o Estado se organizou de forma que sabiam não ter possibilidade de reação”, disse ele.
 
Em sua análise, as especulações sobre a quantidade de traficantes estão equivocadas, principalmente nos dias anteriores à invasão das forças de paz. “Lá não tem 600 bandidos. Ali tem muito moleque, muita criança”, disse ele.
 
Entre os policiais que continuam rondando o Alemão, existe a hipótese de que muitas lideranças poderiam ter deixado o complexo de forma preventiva, logo após a tomada da Vila Cruzeiro na quinta-feira passada. Há várias hipóteses sobre como se deu essa debandada: cogita-se que eles tenham usado túneis para deixar o local ou mesmo alguns dutos de abastecimento de água e esgoto da região.
 
Há ainda a suspeita de que muitos bandidos poderiam ter deixado os morros disfarçados. Ontem, a reportagem conversou com policiais que continuavam revistando moradores nas saídas da comunidade. Eles assumiram que o trabalho é complicado. “Vem um adolescente, bem vestido, com pai e mãe do lado, e diz que está saindo para trabalhar ou estudar. Como vamos saber se ele é inocente? Muitos traficantes nasceram e nunca saíram da favela, então nem passagem policial têm”, afirmam.


FONTE: UOL / Arthur Guimarães - Enviado Especial do UOL Notícias - No Rio de Janeiro

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