sábado, 19 de junho de 2010

EUA anunciam ajuda de R$ 56 milhões para o Quirguistão



O subsecretário de Estado americano, Robert Blake, comunicou neste sábado ao governo do Quirguistão que os Estados Unidos destinarão US$ 32 milhões (R$ 56 milhões) para ajuda humanitária aos desabrigados pela violência étnica no país.

"Os EUA entregarão o dinheiro ao programa de assistência humanitária para as necessidades básicas das pessoas deslocadas", informou o governo provisório quirguiz após a reunião de Blake com a presidente interina, Rosa Otunbayeva, na capital Bishkek.

Blake informou a líder quirguiz sobre os resultados de sua visita na sexta-feira (18) aos campos de refugiados no Uzbequistão, que acolhe cerca de 100 mil pessoas da etnia uzbeque que fugiram da violência no Quirguistão.

Rosa, por sua vez, compartilhou as impressões da visita que realizou ontem à cidade de Osh, principal foco da violência étnica no sul do país, onde prometeu reconstruir o mais rápido possível as casas destruídas para possibilitar o retorno dos refugiados.

Culpado

O Departamento de Estado americano sugeriu que a violência étnica pode ter sido incitada pelo presidente deposto do Quirguistão em abril, Kurmanbek Bakiyev.

Em declarações publicadas no site do órgão, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que "certamente a derrubada do presidente Bakiyev há alguns meses deixou para trás aqueles que ainda eram leais ao seu governo e muitos contra o governo provisório", disse ela.

"As acusações de incitar à violência têm de ser levadas a sério", completou.

"Nem uzbeques nem quirguizes podem ser culpados pelos acontecimentos. Essas ações foram organizadas e gerenciadas de fora do país", disse o presidente do Uzbequistão, Islam Karimov, concordando com Clinton.

De seu auto-exílio em Belarus, Bakiyev nega envolvimento com a onda de violência, e acusa o governo interino de não ser capaz de proteger a população. Ele foi tirado da Presidência do Quirguistão em abril, após violentos protestos de rua causados por denúncias de corrupção em seu círculo próximo.

Mortos

A presidente interina dos Quirguistão disse nesta sexta que cerca de 2.000 pessoas podem ter morrido na onda de violência que atingiu o país na última semana --um número dez vezes maior que o oficial.

O vice-chefe do governo provisório, Azimbek Beknazarov, estimou os mortos em cerca de 223 nesta quinta-feira (17), mas outras autoridades dizem que o número pode ser bem maior.

As mortes se deram devido aos conflitos étnicos entre quirquizes e uzbeques, ocorridos em sua maior parte na cidade de Osh -- a segunda maior cidade do Quirguistão, no sul do país.

"Eu aumentaria em dez vezes o número oficial de pessoas mortas", afirmou Otunbayeva, de acordo com sua porta-voz, Farid Niyazov.

Na sexta, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que a violência étnica no Quirguistão pode ter afetado 1 milhão de pessoas e lançou um apelo de emergência de US$ 71 milhões (R$ 126 milhões) para ajuda humanitária no país.

Crise

O Quirguistão, que ganhou a independência após o colapso da ex-União Soviética, em 1991, enfrenta grave crise política desde a deposição de Kurmanbek Bakiyev, em 7 de abril.

Em 19 de maio, duas pessoas morreram e 74 ficaram feridas em confrontos entre quirquizes e uzbeques na cidade de Jalal Abad. Após as mortes, o conflito logo se espalhou por todo o sul do país.

No mesmo dia, Roza Otunbayeva anunciou que governaria o país até junho de 2011, deixando de lado os planos para eleições presidenciais em outubro.

Dos cerca de 5,3 milhões que vivem no Quirguistão, 69% são de etnia quirquiz, 14,5% são uzbeques e 8,4% são de etnia russa.

No entanto, no sul do país, os uzbeques representam 40% dos cerca de 1 milhão que vivem na área de Jalal Abad e cerca de 50% na região de Osh.

 
 
 
FONTE: FOLHA ONLINE /DA REUTERS

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DESEJANDO, DEIXE SEU COMENTÁRIO. SERÁ LIDO, COM PRECIOSO ZÊLO E ATENÇÃO. OBRIGADA.