sábado, 17 de agosto de 2013

Irritado, Barbosa acusa Lewandowski de “chicana” e encerra sessão no STF


Nesta quinta-feira (15/8), durante a análise dos embargos declaratórios à Ação Penal 470 interpostos pelo ex-deputado Bispo Rodrigues, uma divergência entre os ministros Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa acabou em discussão e provocou o encerramento abrupto dos trabalhos. No segundo dia de análise dos recursos dos réus do processo do mensalão, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) acusou Lewandowski de fazer “chicana”, o que no jargão jurídico significa dificultar o andamento do processo. “[Estamos aqui] para fazer nosso trabalho e não chicana”, disse o relator do processo do mensalão.

Inconformado com a acusação, Lewandowski pediu a retratação imediata de Barbosa: “Vossa excelência está dizendo que eu estou fazendo chicana? Peço que vossa excelência se retrate imediatamente.” 
O presidente do Supremo negou-se prontamente em fazer o pedido de desculpas a Lewandowski. 
Em tom de voz já bastante alterado, o revisor do processo do mensalão afirmou “não estar brincando” e criticou a postura de Barbosa enquanto presidente do STF:
-”Não admito isso. Vossa Excelência preside uma casa de tradição multicentenária”, disparou Lewandowski. 

-”E que Vossa Excelência não respeita”, rebateu Barbosa, para logo em seguida encerrar os trabalhos da Corte.

Este não é o primeiro bate-boca protagonizado por Barbosa e Lewandowski. Durante o julgamento do processo de mensalão foram diversos os momentos de tensão entre os ministros. Em 12 de setembro de 2012, durante o voto de Lewandoski que absolvia a ré Geiza Dias, Joaquim Barbosa se sentiu ofendido, e demonstrando bastante irritação, interrompeu o colega, dizendo que o mesmo deveria “parar com o jogo de intrigas”.

O temperamento de Joaquim Barbosa, já foi alvo de críticas de outros ministros além de Ricardo Lewandovski. Em outra discussão protagonizada pelos dois magistrados em 26 de setembro do ano passado, Barbosa acusou Lewandowski de fazer “vistas grossas” ao analisar a conduta do ex-secretário do PTB, Emerson Palmieri, quando foi interrompido por Marco Aurélio Mello, que solicitou ao atual presidente do STF que escolhesse “bem as palavras”. “Ninguém faz vista grossa. Nós somos juízes. Ninguém faz vista grossa. Aguarde a manifestação dos colegas”, disse Marco Aurélio. “Não gosto de hipocrisia”, rebateu Barbosa.

O ministro Marco Aurélio avaliou que a discussão entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski pode afetar a credibilidade da Corte.

Os embargos de declaração do ex-deputado Bispo Rodrigues voltarão a ser analisados em sessão do plenário da Corte na próxima quarta-feira (21/8). Antes da discussão, foram negados os recursos de três outros réus da ação: Romeu Queiroz, ex-deputado do PTB; Roberto Jefferson, ex-presidente do PTB; e Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da agência de publicidade SMP&B.

FONTE: Última Instância
15.08.2013

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