Inspeções do CNJ revelam omissão
de corregedorias
Inspeções feitas pelo CNJ
(Conselho Nacional de Justiça) em tribunais de alguns Estados apontam para
casos de omissão e ineficiência de corregedorias regionais.
Nas apurações do órgão desde sua
instalação, em 2005, foram identificados casos de desaparecimento de processos
e manobras para evitar a obtenção de quórum para aplicação de punições,
conforme publicado no jornal "O Globo".
Até agora, o CNJ já realizou mais
de 20 investigações.
O poder de atuação das
corregedorias dos tribunais e do CNJ está no centro de um debate jurídico no
país.
O STF (Supremo Tribunal Federal)
adiou nesta semana a decisão sobre uma ação da AMB (Associação dos Magistrados
Brasileiros).
A associação reivindica
exclusividade das corregedorias nas investigações que tenham juízes como alvo.
Atualmente este poder é
compartilhado com o CNJ, órgão de controle administrativo e disciplinar do
Judiciário.
Segundo a defesa da AMB, o CNJ só
poderia investigar juízes de maneira complementar em relação aos tribunais, em
casos em que houver omissão ou negligência.
Ao comentar a possibilidade
restrição do poder do CNJ, em uma entrevista recente, a corregedora do conselho
Eliana Calmon causou polêmica ao dizer que a Justiça sofre com infiltração de
"bandidos escondidos atrás da toga".
A declaração levou o presidente
do STF e do CNJ, ministro Cezar Peluso, a divulgar uma nota, assinada por
conselheiros do CNJ, contra a declaração da corregedora.
O STF deve decidir a questão nas
próximas semanas.
DEMORA
Um dos argumentos dos defensores
da manutenção do poder do CNJ é que as inspeções do conselho mostram como o
corporativismo prejudica a conclusão de ações relativas a crimes de juízes.
Em uma investigação no Tribunal
de Justiça do Ceará, o CNJ identificou seis exemplos em que a demora na
condução das ações levou à prescrição dos casos (perda do direito de executar
penas).
Em Pernambuco, a equipe do órgão
encontrou uma ação envolvendo um juiz que já se arrastava por mais de 16 anos.
No período, o processo foi redistribuído oito vezes a desembargadores da corte.
O TJ de Pernambuco informou que
"não se pronuncia sobre investigações".
Além disso, afirmou que "nos
últimos cinco anos, dez juízes foram aposentados compulsoriamente" como
punição por irregularidades.
Procurado, o TJ do Ceará não se
manifestou.
FONTE: FOLHA.COM / FLÁVIO
FERREIRA - DE SÃO PAULO
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