quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Avalanches na região serrana do Rio chegaram a 180 km/h



As avalanches que atingiram a região serrana do Rio na tragédia de um mês atrás, que matou ao menos 902 pessoas, atingiram 180 km/h. Cada massa de terra que se descolava do morro despencava 1 km em 20 segundos, segundo reportagem de Evandro Spinelli publicada na edição desta quarta-feira da Folha.

Os dados constam do relatório elaborado pelo Serviço Geológico do Estado do Rio sobre o que o órgão chama de "megadesastre da serra". O relatório aponta como causas a própria geologia da região, a ocupação irregular do solo (encostas e áreas de várzea) e as chuvas de grande intensidade concentradas em períodos de 15 minutos.


Mas poderia ter sido pior. De acordo com Cláudio Amaral, geólogo que coordenou o trabalho, os meses anteriores à tragédia não foram tão chuvosos na região serrana. "Se nós tivéssemos as chuvas antecedentes do ano passado, o desastre teria sido maior", diz Amaral.





O relatório aponta como causas a própria geologia da região, a ocupação irregular do solo (encostas e áreas de várzea) e as chuvas de grande intensidade concentradas em períodos de 15 minutos.




Mas poderia ter sido pior. De acordo com Cláudio Amaral, geólogo que coordenou o trabalho, os meses anteriores à tragédia não foram tão chuvosos na região serrana.

"Se nós tivéssemos as chuvas antecedentes do ano passado, o desastre teria sido maior", diz Amaral.


Outro fator que minimizou os danos foi o local das chuvas. Amaral afirma que em Teresópolis, por exemplo, as chuvas não atingiram a área de maior risco, na região do Jardim Meldon.


"Se a chuva tivesse caído lá, nós estaríamos amargando mais 8.000 mortos. Lá a geologia é pior, a geomorfologia é pior, o uso [do solo] é pior", afirma.


Amaral diz ainda que o volume de chuvas que atingiu a região serrana não pode ser considerado excepcional.


"Na minha vida de desastres, onde estou desde 1982, essas chuvas em ambiente tropical não podem ser classificadas de excepcionais. São chuvas muito fortes, mas não são excepcionais. Há uma certa simplificação de achar toda chuva excepcional", afirma.


O relatório do Serviço Geológico apontou cinco tipos de deslizamentos na região serrana. Todos são tecnicamente conhecidos, mas dois deles surpreenderam porque não havia registros de ocorrência naquela área.


Um deles é o "catarina", batizado assim pela semelhança com os que ocorreram em Santa Catarina em 2008. Foi esse tipo de deslizamento que atingiu 180 km/h em Conquista (Nova Friburgo).


O outro, batizado de "vale suspenso", é comum na região de Barra Mansa (sul fluminense), mas não em Friburgo, onde se deu este ano.





Pouco mais de um mês após as chuvas de 12 de janeiro, a tentativa dos moradores de esquecer a tragédia e voltar à normalidade é confrontada com a visão de áreas ainda devastadas.

Em Nova Friburgo, as ruas do centro estão limpas. O comércio voltou a funcionar e a movimentação é intensa. No entanto, na estrada que liga a cidade à Teresópolis, ainda há muita poeira da lama que secou. Máquinas trabalham na retirada de escombros.


Em Duas Pedras, moradores continuam tentando recuperar o que restou das casas. De botas e com enxada nas mãos, o aposentado Hélio Monteiro, 67, passou os últimos 30 dias retirando lama e pedras do imóvel onde morava há mais de 20 anos.


A casa tem mais de um metro e meio de lama seca."Perdi tudo. Toda noite tomo dois calmantes para conseguir dormir", conta Monteiro.


Segundo a Secretaria Estadual de Assistência Social, 2.000 famílias ainda estão nos 140 abrigos improvisados e 5.000 foram para casas de amigos ou parentes. No final de janeiro, foi antecipado o pagamento da Bolsa Família para 31 mil famílias.


Cerca de 5.700 famílias receberão o aluguel social. Outras 1.300 ainda estão sendo cadastradas.


Segundo a secretaria, a primeira das 12 parcelas foi liberada ontem. Até o dia 24 deste mês, o restante também poderá sacar o valor que varia de R$ 400 a R$ 500.


"Nós pedimos a compreensão da população para não aumentar o valor dos aluguéis na região. Em alguns bairros, houve aumento de 100%, passou de R$ 350 para R$ 700", afirmou o secretário estadual de Assistência Social, Rodrigo Neves.


Nos abrigos, há famílias que enfrentam dificuldade para alugar casas e receber o aluguel social. Esse é o caso da doméstica Lúcia Maria de Carvalho Paes, 53.


"Fui à Caixa Econômica e me disseram que só vou receber no dia 14 de março. Antes pagava aluguel de R$ 350 e hoje só estou encontrando casa de R$ 800. Não quero mais morar em área de risco", afirma Lúcia.









FONTE: FOLHA ONLINE / COLETÂNEA DE REPORTAGENS






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