Verba para reassentar moradores
de áreas de risco do RJ não é usada
Em 2011, a Secretaria de Obras do
estado tinha no orçamento mais de R$ 200 milhões para essa finalidade.
Segundo
o Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios,
nenhum centavo foi empenhado.
O Jornal Nacional foi investigar
o que o governo do Rio de Janeiro fez, no ano passado, com a verba destinada a ajudar
moradores de áreas de risco.
Descobriu que havia a promessa de gastar mais de
R$ 200 milhões, mas o dinheiro acabou não sendo usado. A reportagem é de Bette
Lucchese e Marcelo Ahmed.
Há um ano, as vítimas da chuva
dizem sentir angústia e medo toda vez que chove. “Toda noite, tem que sair de
casa, um desconforto fora de série", revela um morador.
Uma pedra gigantesca ameaça rolar
do alto de um morro, em Nova Friburgo. “A prefeitura alega que não tem
dinheiro, que não tem recurso para mexer com a pedra ali", conta uma
moradora.
O dinheiro deveria haver para
ajudar quem vive em regiões perigosas. Em 2011, a Secretaria Estadual de Obras
do Rio tinha no orçamento mais de R$ 200 milhões para uma finalidade
específica: reassentar moradores de áreas de risco.
De acordo com um documento
do Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios,
nenhum centavo foi empenhado.
O atual prefeito de Nova
Friburgo, Sergio Xavier, afirma que não recebeu dinheiro do estado: “Não,
especificamente, receber uma verba, nós não recebemos”.
O secretário de Obras do estado,
Hudson Braga, admitiu que o governo prometeu uma verba que não tinha: “Tinha o
orçamento, mas, fisicamente, esse dinheiro não existia, nós estávamos
negociando com o Governo Federal a vinda desse recurso”, explica.
O governador Sérgio Cabral, que
esteve nesta terça-feira (3) em Nova Friburgo, disse que houve outra
dificuldade: “Encontrar terrenos seguros que, depois de uma avaliação técnica,
nos permitisse fazer as obras necessárias por conta do governo do estado de
infraestrutura e o Governo Federal entrar com o Minha Casa, Minha Vida”.
O governador fez um anúncio:
“Semana que vem, iniciam-se as obras, são mais de 2 mil apartamentos aqui em
Nova Friburgo, uma obra de, se não me engano, mais de R$ 300 milhões”.
Ao visitar um dos bairros mais
devastados pela catástrofe do ano passado, é como se o tempo tivesse parado.
Seu Eliezio ainda se emociona: “Muita tristeza, eu querendo ajudar pessoas a
salvar vidas e não podia porque estava entrevado".
O papel da interdição ainda está
colado na parede na fachada casa em que ele mora com a mulher. A Defesa Civil
esteve no local poucos dias depois do temporal de janeiro passado. Há
rachaduras em dois quartos e, na pequena cozinha, a situação é ainda pior.
"Nos cômodos todinhos chove,
a gente tira baldes e baldes de água. A gente não consegue dormir, o meu medo é
isso aqui cair, como é que a gente vai fazer?", lamenta Norma Schuenck.
FONTE: G1
Publicado em 03/01/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DESEJANDO, DEIXE SEU COMENTÁRIO. SERÁ LIDO, COM PRECIOSO ZÊLO E ATENÇÃO. OBRIGADA.