quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A Igreja no Iraque é feita de mártires, diz sacerdote siro-católico


A perseguição aos cristãos no Iraque alcançou um nível de "genocídio" com o recente massacre ocorrido no domingo no que morreram 58 pessoas, denunciou o Pe. Safaa Habash, sacerdote católico sírio nascido no Iraque e estabelecido atualmente em Michigan, nos Estados Unidos.



Em declarações à agência ACI Prensa, do grupo ACI ao qual ACI Digital pertence, este presbítero assinala que as imagens que chegaram às suas mãos resultam "muito tristes, inexpressáveis" e denuncia que os grupos fundamentalistas muçulmanos estão "exercitando sua inimizade contra as comunidades cristãs" e tratando de "matar o próspero cristianismo no Iraque".



Muitos iraquianos, entretanto, não buscam explicar o massacre do domingo. Tudo o que eles estão se perguntando é se ainda podem viver no país. Embora o Pe. Safaa sirva em uma comunidade que escolheu, no momento, procura refúgio nos Estados Unidos, e está de acordo com a mensagem do Sínodo para o Oriente Médio.



"Nossa Igreja foi edificada sobre os mártires", recorda, "houve muitos mártires na Igreja na Síria, na Igreja na Caldéia, em toda a Igreja no Iraque. Nós não perdemos de vista que somos a Igreja dos Mártires".



"Os cristãos no Iraque e seus líderes religiosos estão determinados a permanecerem nesse país. Eles estão envolvidos na reconstrução do Iraque", demarca o Pe. Safaa Habash. "Sacerdotes, centros religiosos, monastérios, eles podem ensinar a linguagem da paz, a linguagem do amor, a linguagem da justiça. E penso que sua presença é importante para o futuro do Iraque". "Diria que temos uma esperança, que veremos a luz ao fim do túnel", concluiu.

 
Permanecemos no Iraque apesar de tudo, diz Cardeal nos funerais após massacre na Catedral católica
 
 
Na homilia da Missa de funerais depois do massacre de extremistas muçulmanos que acabou com a morte de 53 pessoas na Catedral católica desta capital, o Arcebispo de Bagdá, Cardeal Emmanuel III Delly, assinalou que "não temos medo da morte nem das ameaças" e expressou sua vontade de permanecer no Iraque porque "somos os filhos deste país".



Conforme assinala AFP, 700 pessoas abarrotaram a igreja de São José onde ao começo da Missa estavam sete ataúdes. A Eucaristia foi interrompida várias vezes pela entrada de outros oito, aplaudidos fortemente pelos presentes.



O Cardeal disse sobre o ataque que os cristãos esse dia "vieram à igreja para rezar a Deus e para cumprir com seu dever religioso, mas a mão do diabo entrou neste lugar de culto para matar".



Em meio da profunda consternação ante o ataque mais grave contra a comunidade católica neste país, o Arcebispo assinalou que "não temos medo da morte nem das ameaças" depois de que muitos cristãos disseram desde domingo que querem abandonar o Iraque. "Somos os filhos deste país e permaneceremos no Iraque junto com nossos irmãos muçulmanos para glorificar o nome do Iraque", acrescentou.



"O governo atenderá os feridos, indenizará às famílias das vítimas e financiará imediatamente a reparação da igreja", indicou em um comunicado o porta-voz do governo, Ali Al Dabagh.



Antes da Missa, uma procissão acompanhou os féretros dos dois sacerdotes assassinados no domingo: o Pe. Wasim Sabih, de 27 anos, e o Pe. Athir, de 32, até a igreja de São José.



Um dos sobreviventes do ataque e tio do Pe. Athir, Salem Ablahad Boutros, relatou à AFP que esse dia este sacerdote "estava rezando e lendo uma passagem da Bíblia quando chegaram os homens armados". "Disse: Matem-me, mas deixem os fiéis em paz'", acrescentou.



Uma jovem de 24 anos que presenciou o fato explica que o que aconteceu a seguir foi que "os homens armados lhe disseram: “converta-se ao islã, porque de qualquer jeito você vai morrer' e dispararam na sua cabeça".



O Papa Bento XVI condenou energicamente este brutal ataque de fundamentalistas muçulmanos contra os fiéis que se reuniam no sábado à noite na Catedral católica de rito Sírio em Bagdá.



Segundo uma fonte do ministério do Interior, 46 católicos morreram e 60 resultaram feridos no ataque de domingo pela tarde. Sete membros das forças de segurança morreram no assalto posterior.

 
 
Depois do massacre no Iraque, Vaticano pede à ONU pelo fim de discriminação contra os cristãos
 
 
Depois do brutal atentado contra a Catedral em Bagdad que cobrou a vida de 53 pessoas, o Arcebispo Francis Chullikatt, Observador permanente da Santa Sé diante das Nações Unidas se dirigiu à assembléia geral deste organismo aonde pediu o fim da discriminação contra os cristãos.



Conforme informa a Rádio Vaticano, Dom Chullikatt, que conhecia pessoalmente algumas das vítimas já que serviu como Núncio Apostólico no Iraque e Jordânia desde 2006 até recentemente, expressou sua profunda tristeza por esta tragédia.



Em sua intervenção de ontem 1 de novembro, que já tinha sido programada com antecipação para este dia, o Arcebispo lamentou que "muitas pessoas no mundo carecem de liberdade para rezar em comunidade. Trata-se de homens, mulheres e crianças cuja busca de Deus constitui uma atividade proibida, que comporta graves repercussões físicas e legais no exercício de necessidades humanas fundamentais".



Tendo em conta que nenhuma cultura nem nação está isenta da xenofobia e o ódio religioso apesar dos esforços no sentido contrário, a delegação da Santa Sé expressou sua consternação ante o relatório do Relator Especial da ONU, cuja conclusão sublinha o destino de cristãos de todo o mundo que tiveram que fugir de seus lares, foram torturados, encarcerados, assassinados ou forçados a negar a sua fé.



O Arcebispo Chullikatt fez um chamado à comunidade internacional para que não ignore esta situação que "requer a atenção urgente de líderes nacionais e internacionais para proteger o direito à liberdade religiosa de indivíduos e comunidades. A esperança do progresso da humanidade, aspiração troncal desta organização internacional jamais poderá ser alcançada até que estes abusos acabem".



O Núncio advertiu contra a busca de uma solução sob o pretexto de proibir a "difamação da religião", e insistiu, neste sentido, a procurar um enfoque diferente ao problema.



O Arcebispo reafirmou o apoio da delegação da Santa Sé aos esforços para proteger os fiéis contra a incitação ao ódio irracional e à violência, mas manifestou sua preocupação pelo uso que se dá ao conceito de difamação religiosa para alcançar estes objetivos. De fato, em muitos casos resultou contraproducente e em lugar de proteger os fiéis se utilizou como meio de opressão patrocinado por alguns Estados.



Dom Cullikatt também comunicou o apoio da Santa Sé às iniciativas tendentes a frear as manifestações de discriminação e violência sem infringir a liberdade de expressão religiosa. Também advertiu sobre o perigo da tendência crescente a identificar raça com religião e descreveu com detalhe as injustas discriminações que os migrantes padecem.

 
 
FONTE: ACI DIGITAL

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